terça-feira, 14 de maio de 2024



No secreto com Deus!


A leitura bíblica dessa mensagem está no capítulo 6 do evangelho de Mateus, a partir do versículo primeiro. 

Que diz:

Guardai-vos de fazer a vossa esmola diante dos homens, para serdes vistos por eles; aliás, não tereis galardão junto de vosso Pai, que está nos céus.


O sexto capítulo do evangelho de Mateus  nos ensina e exorta acerca  de como Deus deseja nosso  relacionamento e comunhão com Ele.


Essa passagem bíblica, escrita há dois mil anos, tem tudo a ver com o universo de redes sociais e mídias em geral. Não é à toa que a Bíblia é atemporal em seus estatutos e mandamentos. E é muito clara no seu registro ao mostrar que o Pai não incentiva nem promove a exposição de seus amados em questões fundamentais para a vida espiritual de cada um.


A oração é no secreto do quarto, a esmola é no secreto do anonimato e o jejum é no secreto do coração. 

Jesus deixa muito claro: Nada divulguem, a fim de serem visto, porque Deus não se agrada de tais atitudes. A consequência disso é o cancelamento do galardão tão almejado. Segundo a palavra de Deus, o galardão já foi recebido, quando se buscou louvor humano.


A vontade de se expor sempre existiu  no ser humano. Alguns mais e outros nem tanto. Ser admirado, contemplado e notado faz muitos apelarem para 

extravagâncias. Esse tipo de conduta cresceu muito com o advento das redes sociais.

Deus, entretanto, nunca aprovou qualquer tipo de exposição, ainda mais quando se trata do momento em que nos relacionamos com Ele. Por isso o capítulo 6 do evangelho de Mateus traz uma série de advertências sobre as esmolas, a oração, o jejum, o relacionamento com Ele em geral e a forma como expomos isso ao mundo.

O  Versículo 6 diz:


  • " Mas tu, quando orares, entra no teu aposento e, fechando a tua porta, ora a teu Pai que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará publicamente. Mateus 6.6"


Já, sobre a esmola, o Senhor diz: 


  • "Mas, quando tu deres esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz a tua direita; Para que a tua esmola seja dada em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, ele mesmo te recompensará publicamente. Mateus 6.3,4."


É nesse secreto que buscamos a real presença de Deus e mostramos que a nossa intenção é um relacionamento sério e verdadeiro sem desejo de ser visto e aplaudido pelos homens. 


Jesus Cristo diz que: o Pai está em secreto, e também vê em secreto. 


Tudo aquilo que Deus rejeita e determina que não seja feito é porque existe uma razão espiritual. Ainda que não seja possível entender naquele espaço de tempo ou cultura, a verdade é que Ele sabe de tudo. 

   - Nos últimos anos, as mídias sociais se tornaram parte essencial da vida diária de milhões de pessoas ao redor do mundo. Plataformas como  Facebook, Instagram e Twitter  transformaram a forma como nos relacionamos e expressamos nossa identidade.

   - No entanto, essa nova era digital também trouxe consigo um fenômeno preocupante chamado de   narcisismo virtual. As redes sociais moldam a percepção de nós mesmos e podem levar a um aumento do narcisismo.


O que seria afinal o narcisismo? 


O  narcisismo é um conceito da psicanálise que define o indivíduo que admira exageradamente a sua própria imagem e nutre uma paixão excessiva por si mesmo.

   - As redes sociais funcionam como uma forma de auto descrição, onde o narcisismo dá o tom da narrativa. As pessoas buscam validação, atenção e aprovação online.

   - A busca constante por likes, comentários  e seguidores  alimenta o ego e pode impactar nossa vida consideravelmente. 

Um estudo recente feito por pesquisadores  da universidade Swansea (Suãnsi) no reino unido e em 

Milão, na Itália, chegou à conclusão de que REDES SOCIAIS PODEM TORNAR INDIVÍDUOS NARCISISTAS. 


Antes que o homem pesquisasse sobre essa questão, Deus já permitiu que a sua igreja fosse instruída sobre tais atitudes.

Já que é uma armadilha para o ser humano que vai se sentir superior por ter muitos seguidores, receber muitos elogios, principalmente pelas selfies que posta.

Além disso, a constante exposição atrai gente que nutre  sentimento de inveja, desejando ser igual ou superior ao que ele vê. 


Ao expormos a nossa vida espiritual como se fosse um advento social,  incorremos na prática da autopromoção.

2 Coríntios 10:17,18 nos adverte: 


“Aquele, porém, que se gloria, glorie-se no Senhor.

Porque não é aprovado quem a si mesmo se louva, mas, sim, aquele a quem o Senhor louva.”

Alguém pode dizer que não expõe com essa intenção, mas fica a pergunta:

_ Se não tenho interesse em vender um produto, porque o coloco na vitrine?

É isso mesmo que as redes sociais são: uma  vitrine!


O galardão que o cristão deseja é anulado por Deus, quando a sua busca por aprovação e aplausos humanos for maior que a obediência de estar no secreto.


Não podemos e não devemos nos mostrar em momento de intimidade com Deus, nem em momento de ajuda e trabalho ao próximo. 

Deus não precisa de fotos e vídeos para vê o que fazemos. A palavra é bem clara: Ele vê em secreto!

Publicar a igreja em momento de devocional ou em momento em que se ajuda ao próximo, é buscar likes humanos. A rede social é para isso: divulgar e receber retorno.


As igrejas estão copiando o mundo exponencialmente. Já não é possível nos deleitarmos na presença de Deus nos cultos de adoração e oração, porque  há, a todo momento, gente passando e fazendo fotos e vídeos, quebrando a reverência do momento e expondo a imagem de milhares de pessoas.

Cada igreja, na pessoa de seus pastores e administradores, tem lançado na mídia diuturnamente suas ações sociais, antes chamadas de “esmolas”. Talvez na tentativa de se mostrar um cristão benevolente e que faz o bem à sociedade. 

Pv. 27:2 diz: 

“Que um outro te louve, e não a tua própria boca; o estranho, e não os teus lábios.” É outro conselho bíblico para aqueles que expõem suas ações sociais na mídia. Se outra pessoa quer fazer menção sobre as atividades da igreja, que o faça, e não a igreja que se promova.

 

Outra situação grave e totalmente enraizada no meio cristão é a divulgação sistemática de todos os cultos.

Falta às pessoas entenderem que o culto não é um evento social. O culto é o momento de adoração a Deus e também de intimidade com Ele.

E isso deve ser preservado conforme o próprio Deus instruiu: que fiquemos no secreto.


É muito triste vermos a equipe de mídia, muitas vezes composta por jovens, não participar do culto com adoração, reverência, e equilíbrio, porque esses irmãos são recrutados para o trabalho de divulgação do que está sendo feito no ambiente eclesiástico.


O que a igreja pretende com isso? Atrair desviados e descrentes? Há outras formas de fazer isso sem sacrificar o momento mais importante de nossos dias que é a  adoração e culto ao Senhor.


Haverá mil justificativas para que a exposição seja feita e uma só para que não seja feita: Deus não quer! E isso basta!


A ideia do culto como um evento está tão arraigada no pensamento cristão que se copiou o mundo também na divulgação de trabalhos eclesiásticos.

Fazemos cartazes com fotos de pregadores e cantores na tentativa de promover essas pessoas como atração para que crentes e não crentes venham ao culto. 

A ideia é encher o templo e divulgar nas redes sociais como um evento bem sucedido. 

Ao invés de divergir do mundo, estamos convergindo para o mundo.

Ao usar esses meios mundanos para atrair pessoas para o culto, abrimos uma falsa concepção de que virão para assistir a um espetáculo. Dessa forma, a igreja está cheia de expectadores e não de adoradores. E, na condição de expectadores, as pessoas se sentem no direito de opinar sobre o culto,  desmerecendo-o ou promovendo-o, sem atentar, entretanto, que o culto é para Deus e que é Ele que recebe ou não recebe o trabalho feito, inclusive por aqueles que criticam. 


“Não se amoldem ao padrão deste mundo,”

É o que a Bíblia nos alerta em romanos 12.2. Não podemos ser iguais ao mundo.

 E diz mais:” mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” 

Entender e experimentar qual é a vontade de Deus, passa pela renovação de pensamento. 

Por isso que precisamos andar na contramão do mundo e não de braços dados com o mundo.


Que revelação O Senhor nos dá, quando nos instrui a viver no secreto com Ele! Jesus Está  dizendo em Mateus 6, em claro e bom som, que basta a nós chamarmos a atenção de Deus. 


Todavia, nada do que fizermos deve ser porque esperamos qualquer gratificação e sim porque O amamos e devemos fazer o que a Sua palavra orienta que façamos. 

E a promessa é que 

Deus abençoará seus filhos publicamente. 

 

Que Deus abra nossa mente e coração para entendermos e praticarmos essa palavra.


Peço que repasse essa mensagem para que outras pessoas sejam edificadas e instruídas.Canal Sacerdócio Santo 1301 NO YOUTUBE, um canal de mensagens bíblicas.










A SEGUNDA MILHA


A leitura bíblica dessa mensagem está no evangelho de Mateus, capitulo 5, versículo 41, e diz:

Se alguém obrigar você a andar uma milha, vá com ele duas.


 A expressão "segunda milha" tem origem bíblica e se refere a uma prática legal estabelecida pela antiga Roma, que exigia das pessoas subjugadas a eles a carregarem cargas por uma milha para os soldados romanos. Nos dias atuais, uma milha equivale a aproximadamente 1,6 quilômetros ou 1.600 metros.


O  contexto da 2a milha era sobre o judeu e o soldado romano, o povo oprimido e o povo opressor. A lei obrigava a qualquer judeu carregar os pertences de guerra ou cargas do soldado por uma milha. Isso, além de humilhante, era algo ruim. E é nesse contexto histórico terrível, que Jesus nos ensina sobre a segunda milha, um modelo de espelho não borrado do caráter cristão. 


Segundo o capítulo 5 do evangelho de Mateus, Jesus fez referência a essa norma jurídica,  quando apresentava uma série de preceitos fundamentais para a vida cristã. Entre esses preceitos estava “a segunda milha.”


Imagine que você está sob o domínio de um povo hostil, que  te  humilha  e ainda toma parte do que você tem, tanto do salário quanto de  bens!  

Esse povo hostil resolve que você deve levar suas cargas, a pé e nas costas ou cabeça, por uma milha. 


E não importa se você tem trabalho a fazer, se está doente e cansado, se pode fazê-lo naquele momento ou não. O fato é que terá que obedecer às ordens deles e servir de “meio de transporte”  para a pesada bagagem do  inimigo. Esse mesmo que transformou sua vida numa sucessiva montanha russa de altos e baixos. 


A esse ou essa que é intragável, Jesus nos ensinou que fizéssemos além do que nos obrigavam ou nos pediam. 


A segunda milha é como se fosse um caroço espinhoso e difícil de engolir,  pois nos obriga a vencer o orgulho entranhado em nós, um mal que se esconde e exala um odor desagradável, mas que não expomos nem tratamos como deveríamos.


A segunda milha é uma dose extra de tristeza, porém necessária para nos desbloquear e curar. Além disso, ela purifica nosso orgulho e corrige nossas ideias equivocadas sobre justiça.


Não há como obedecer às ordens de Jesus , se não tivermos sido transformados pelo poder do Espírito Santo. 


Em Mateus 5:48, está escrito:

 -Portanto, sejam perfeitos como      perfeito é o Pai celestial de vocês". Isso nos mostra o quanto a vida cristã é marcada por renúncias e responsabilidades nas escolhas e conduta. 


Ouvir de Jesus acerca de vários pontos da caminhada cristã e, em especial, sobre como  proceder em relação a inimigos como os romanos, desfazia toda ideia dos judeus sobre justiça e juízo. 


É importante considerarmos que 

A verdadeira justiça é exclusividade de Deus. Assim afirma o salmista:

“O teu trono, ó Deus, subsiste para todo o sempre; cetro de justiça é o cetro do teu reino.” Salmos 45:6.


Diante disso chegamos à conclusão de que a justiça humana jamais se comparará à justiça de Deus. Só Ele conhece tudo e sabe de tudo e é impossível enganá-lo. Por isso, quando Ele age, sabemos que fez por causa da sua incomparável justiça. Os judeus queriam ser libertos de seus opressores romanos, e isso aconteceu, todavia somente no tempo de Deus.


Jesus nos ensinou a fazermos sempre mais do que é esperado de nós. 

Veja e ouça o que está escrito em Mateus 5:46-48:


  •  Se vocês amarem aqueles que os amam, que recompensa receberão? Até os publicanos fazem isso!

  •  E se vocês saudarem apenas os seus irmãos, o que estarão fazendo de mais? Até os pagãos fazem isso!


Nada é possível fazermos de nós mesmos, entretanto nosso Salvador disse que não nos deixaria só, quando retornasse ao Pai Celeste. Em Jo. 14:16-17, Ele prometeu enviar outro igual a Ele para nos ajudar na caminhada cristã. E esse ajudador vive entre nós e está em nós e se chama Espirito Santo.  Portanto é vivendo em comunhão com Ele que somos transformados dia após dia e capacitados a cumprir tão espinhosa diretriz.


A finalização do capítulo 5 do evangelho de Mateus não nos aponta outra alternativa se não:

"Amar nossos inimigos, bendizer os que nos maldizem, fazer bem aos que nos odeiam, e orar pelos que nos maltratam e nos perseguem. Mateus 5: 44.


"O ato de amar é a manifestação do sentimento de amor, e é visto através da combinação de ações e sentimentos como empatia, afeição, carinho, paixão e altruísmo. O amor nos une e traz um profundo e significativo enriquecimento às nossas vidas.”


Bendizer significa falar bem, elogiar, enaltecer.


E orar é o maior e mais profundo meio pelo qual  abençoamos alguém.


  • E aí? está disposto ou disposta a elogiar e enaltecer quem só fala mal de você?


  • Está disposto ou disposta a fazer somente o bem para aqueles que odeiam você?


  • Está disposto ou disposta a elevar suas mãos aos céus e pedir bênçãos da salvação para aqueles que perseguem você?


 Sabe por qual motivo Jesus nos instruiu a agirmos assim?


Em Mateus 5:44, Ele diz que devemos agir assim: para que sejamos filhos do nosso Pai que está nos céus; Em outras palavras, Nosso Senhor está dizendo que devemos agir como Ele próprio agiu em relação aos seus perseguidores"


Encerro essa mensagem lhe pedindo que não desista de parecer com Jesus. Insista em agradar ao Pai, obedecendo à sua Palavra. Não se acomode ao evangelho triunfalista pregado por pessoas que não têm compromisso com a Verdade.

O caminho para o céu é bem estreito, a porta de entrada para esse caminho é mais estreita ainda. Todavia somos mais que vencedores em Cristo Jesus.



Compartilhe essa msg!

Abençoe outras vidas!


ESSA MSG ESTÁ EM VÍDEO NO CANAL DO YOUTUBE

SACERDOCIO SANTO1301


domingo, 2 de maio de 2021

MEUS FILHOS, HERANÇA DO SENHOR!

(Eis que os filhos são herança do Senhor, e o fruto do ventre o seu galardão. Salmos 127. 3)


Faz algum tempo que li uma história bastante comovente e com aspecto de veracidade. Não sei  se era uma parábola ou uma narrativa verídica. Mas me marcou muito. Deus tem seus planos e, da mesma maneira que fui impactada pela mensagem, acredito que outros foram e serão. Vou tentar contar o que lembro. Perdoem-me se deixar escapar algum detalhe. 


Certo pastor precisou se afastar de sua casa durante um tempo, por causa da obra que realizaria para Deus. Ele partiu em uma viagem missionária, com data certa para retorno. Era conhecido em sua cidade, tinha esposa e dois filhos aparentemente tementes a Deus. Não era fácil, na época, a comunicação por mensagem de qualquer maneira. Por isso, ficou sem saber de uma tragédia que acometeu sua família. Um acidente  levou seus dois filhos de uma vez só. A esposa passou por toda a situação sem poder contar com o consolo de seu amado marido. 

Entretanto, passados alguns dias, e ela vendo que se aproximava  a chegada dele, passou-lhe a pesar no coração a reação que poderia ter seu esposo, ao saber da morte súbita de seus filhos. Então ela orou a Deus, pedindo-lhe sabedoria para dar-lhe aquela notícia triste. E o Senhor a ouviu e instruiu seu coração. 

Chegando seu esposo no dia marcado, logo percebeu as marcas de sofrimento no olhar e rosto da esposa e quis saber o que a atribulava. Não perguntou de imediato pelos filhos. A mulher, então, lhe respondeu. “ Enquanto você estava distante, fiquei por guardiã de duas joias preciosas. Um amigo me confiou. Me apeguei demais a elas; mas, há alguns dias, ele me pediu as joias de volta e eu não quis entregá-las. Por isso essa angústia em meu coração.” O pastor, homem íntegro e sincero, não achou correta a atitude da esposa e tentou convencê-la da situação errônea em que se metera. E lhe disse “ Minha querida, as joias não são suas. Você recebeu algo para cuidar, porque certamente essa pessoa viu em você  as qualidades necessárias para assim o fazer. Não podemos ficar com o que não é nosso.” E pediu que ela fosse buscar as joias para que ele junto com ela fosse entregá-las. A esposa começou a chorar e disse ao seu marido: “ As joias a que me refiro são nossos filhos! O Senhor os tomou para si!”. 

O  pai dos jovens ficou atônito, sua reação foi de choro. Abraçou a esposa e  chorou amargamente! Mas orou a Deus e disse-lhe: “Obrigado por confiar a nós aqueles dois tesouros. Sei que pertencem a ti e nós apenas estávamos tomando conta. Espero ter cumprido bem a missão.”

Ufa! Que história não é mesmo? Ela nos faz lembrar do versículo que está em Jó 1.21,22:E disse: “Nu saí do ventre de minha mãe e nu tornarei para lá; o Senhor o deu, e o Senhor o tomou: bendito seja o nome do Senhor. Em tudo isto Jó não pecou, nem atribuiu a Deus falta alguma.”

Como está escrito em salmos 127:3, nossos filhos são herança do Senhor! Eles foram dados a nós para cumprirmos a missão de pais. E Deus ainda nos instruiu como devemos conduzi-los nessa jornada chamada vida. A questão é que nos apossamos de nossos filhos como se fossem nossa propriedade e queremos, muitas vezes, que eles sejam os melhores em tudo. Somos capazes de brigar por eles, mover céus e terra para que vivam bem. Sacrificamos o que for necessário para o vê-los felizes. Já  outros pais agem opostamente; renegam seus filhos, deixam que passem necessidade, tratam-nos como se fossem seus objetos, exigindo isso ou aquilo. Algumas mães tentam assassiná-los no ventre, outras o exibem como troféu. Lembram da história de Ana e Penina, a primeira foi a mãe do profeta Samuel? Penina humilhava Ana por esta não ter o que ela tinha, no caso, filhos e filhas. 

A Bíblia registra assim o episódio: “ E a sua rival excessivamente a provocava, para a irritar; porque o Senhor lhe tinha cerrado a madre. E assim fazia ele de ano em ano. Sempre que Ana subia à casa do Senhor, a outra a irritava; por isso chorava, e não comia.1 Sam. 1:6,7.

Ano após ano Ana era humilhada pela sua rival. Um mal exemplo que não podemos seguir. A Bíblia diz que era excessivamente. Penina extrapolava no desdém. Até o dia em que Deus resolveu mudar aquela situação. Ana, quando recebeu a benção, entendeu que o que recebera não lhe pertencia, e dedicou seu filho a Deus, devolvendo-o, ou seja, ela o levou para servir a Deus no tabernáculo, o lugar onde estava a arca do Senhor! A arca da Aliança.  

Confira 1Sam.1:22,23.“Quando o menino for desmamado, então o levarei, para que apareça perante o Senhor, e lá fique para sempre. E Elcana, seu marido, lhe disse: Faze o que bem te parecer aos teus olhos; fica até que o desmames; então somente confirme o Senhor a sua palavra. Assim ficou a mulher, e deu leite a seu filho, até que o desmamou.” 

Que decisão difícil! Samuel foi criado em um ambiente austero e cheio de maus exemplos, porque o sumo sacerdote da época, chamado Eli,  tinha dois filhos, Ofni e Finéas, homens de belial, levianos e desobedientes às leis do Senhor. Mas Samuel cresceu em obediência a Deus e se tornou um dos maiores profetas e sumo sacerdote de Israel. Tanto é que há dois livros na Bíblia com seu nome, sua história e trajetória. 

Entretanto, a família que Samuel teve também não parecia ser obediente a Deus. Seus filhos  , ao que parece, foram corrompidos pelo sistema. Veja a passagem bíblica que se encontra em 1Sam. 8:1-5. “E sucedeu que, tendo Samuel envelhecido, constituiu a seus filhos por juízes sobre Israel. E o nome do seu filho primogênito era Joel, e o nome do seu segundo, Abia; e foram juízes em Berseba. Porém seus filhos não andaram pelos caminhos dele, antes se inclinaram à avareza, e aceitaram suborno, e perverteram o direito. Então todos os anciãos de Israel se congregaram, e vieram a Samuel, a Ramá, e disseram-lhe: Eis que já estás velho, e teus filhos não andam pelos teus caminhos; constitui-nos, pois, agora um rei sobre nós, para que ele nos julgue, como o têm todas as nações.” 

Às vezes, ouço pregações nas quais os pais são acusados de negligência pela queda espiritual dos filhos, ou são louvados pelo sucesso espiritual deles. Acredito que muitos pais se esforçam por vê-los servindo a Deus, castigando-os, fustigando-os para estarem na casa do Senhor. Outros tentam esconder os deslizes dos filhos, protegendo-os nas coisas erradas, “fazendo vistas grossas” diante das atitudes deveras reprováveis. Parece que não há uma receita pronta que possamos aplicá-la para que eles enveredem pelos caminhos do Senhor e não sejam apenas frequentadores de igreja, e sim, verdadeiros adoradores.  

Gostaria muito de deixar uma receita aqui para todos que estiverem lendo essa palavra, porém não a tenho. A Bíblia está repleta de exemplos de pais obedientes e filhos desobedientes, ou filhos obedientes e pais desobedientes. Ou irmãos diferentes que seguiram caminhos diversos, uns servindo a Deus outros inclinando-se aos ídolos e ao sistema mundial da época. Saul e Jonatas, Davi e seus filhos, Samuel e seus filhos, Eli e seus filhos, Jesus e seus irmãos, só para citar alguns  exemplos. 

O que posso dizer a você? Não desista de seus filhos! Você não gerou filhos para o inferno. Creia, creia, creia. Insista, insista, insista em instruí-los. Ore, ore, ore e nunca desfaleça. Eles pertencem a Deus e o Senhor pode se revelar a cada um segundo o endereço de cada coração. Isso mesmo! O coração das pessoas tem um endereço que só o Espírito Santo conhece. Mas nunca se esqueça de que você, depois de Jesus, é o maior exemplo para seus filhos. Investigue-se se seu prazer na salvação deles é zelo e amor pela alma de cada um ou uma satisfação que deseja dar à sociedade eclesiástica. Seja sincera ou sincero consigo mesmo(a) e peça sabedoria ao Senhor para orar por  eles. 

Sue Paulino

quarta-feira, 21 de outubro de 2020

Em busca de valores cristãos perdidos

[...] Ou qual a mulher que, tendo dez dracmas, se perder uma dracma, não acende a candeia, e varre a casa, e busca com diligência até a achar? E achando-a, convoca as amigas e vizinhas, dizendo: Alegrai-vos comigo, porque já achei a dracma perdida. Assim vos digo que há alegria diante dos anjos de Deus por um pecador que se arrepende. (Lucas 15:8-10)

O capítulo 15 do evangelho de Lucas está distribuído em três parábolas, cuja mensagem é uma só: algo ou alguém que se perdeu. São histórias familiares para os cristãos leitores da Bíblia.  Cada uma com uma mensagem sobre resgate, arrependimento, mudança de atitude, ajuda e socorro diversos. Essas três histórias foram proferidas em resposta aos fariseus que murmuravam entre si pelo fato de Jesus está entre publicanos e pecadores ensinando-lhes, dando-lhes atenção e mesmo comendo junto a eles. 

O primeiro grupo era composto de cobradores de impostos,  judeus que trabalhavam para Roma. Portanto, eram considerados traidores, já que cobravam de seu próprio povo para dar aos seus opressores. Os judeus eram cativos do Império Romano. O segundo grupo era composto por pessoas que não seguiam, a rigor, as leis de Moisés, além dos desviados ou combalidos como: beberrões, prostitutas, ladrões, mendigos, escravos, doentes, deficientes, etc.

Nessa mensagem, vamos falar sobre a segunda parábola: A dracma perdida. A dracma era uma moeda de prata grega equivalente ao denário romano e valia um dia de serviço no campo. Havia um costume entre as famílias em dar às mulheres um colar ou outro atavio com essas moedas, geralmente representando o dote pago pelo marido por ela.

    Além de formalizar o compromisso dela com o noivo ou marido, era também  uma  forma de segurança.  Caso ocorresse um infortúnio;  ela, vendo-se sozinha e sem amparo, poderia utilizar os valores para recomeçar a vida ou buscar parentes. 

    Nessa história, Jesus cria uma situação: a probabilidade de a mulher perder uma das moedas e como ela reagiria e agiria em torno da situação. Sendo uma moeda que representava tantas coisas, além do valor monetário em si, a mulher: acende a candeia, varre a casa e busca com diligência até a achar. 

    As casas da época, e levando em consideração as condições financeiras das pessoas, provavelmente era sem muita iluminação, de chão batido ou chão de areia. É fato que ela estava atenta à sua peça de valor e o que ela representava em sua vida. Sendo assim, precisava encontrar o que havia perdido. E o tema dessa mensagem é “buscando valores cristãos perdidos”. Valores, no sentido espiritual e cultural, têm muito a ver com as crenças e  educação recebidas pelas pessoas. Nosso caráter é moldado pelos ensinamentos e influências interiores e exteriores, sejam espirituais ou carnais. [...] “Por isso, onde estiverem os vossos bens mais preciosos, certamente aí também estará o vosso coração.” (Lucas 12:34)

    À medida que nos afastamos de Deus, nos aproximamos de outras fontes que possam preencher o vazio deixado por Ele. O homem foi criado especialmente para ser “amigo” do Senhor e também ter comunhão com Ele. No Éden,  o Criador fazia questão de ir até Adão conversar com ele. Não era uma visita de revista ou controle, mas de conhecimento entre ambos. Por ser o Criador, por ser o Supremo, o Grande e Absoluto, Deus conhece o que é melhor ou não para nós, já que somos  criaturas suas; e depois, feitos filhos seus. Por essa razão, O Senhor nunca nos deixou sem leis, sem regulamentos, sem ensinamentos. Ainda que Ele tivesse ficado em silêncio desde a queda do homem no jardim, suas obras magníficas falariam por si mesmas. O aposto Paulo escreveu aos romanos: “Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e claramente se veem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis; Porquanto, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças, antes em seus discursos se desvaneceram, e o seu coração insensato se obscureceu. Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos. E mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, e de aves, e de quadrúpedes, e de répteis.” (Rom. 1. 20-23)

    Além dessa exuberância de coisas criadas; temos, em nós, a essência de Deus. Ele fez questão de nos fazer conforme “a sua imagem e semelhança.” Gn. 1.27. Sendo assim, o que sabemos ou nos movemos a fazer de bom é porque ainda temos esse tesouro dentro de nós. A essência do Deus único, cuja Glória os homens tentaram e tentam dá-La às suas invenções. 

    Quem tem um encontro verdadeiro com Cristo percebe o quanto a experiência é única e confortadora. Na primeira carta de Paulo aos coríntios, ele nos adverte sobre o que somos e de quem somos ao tomarmos a decisão de sermos cristãos: “Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós? Se alguém destruir o templo de Deus, Deus o destruirá; porque o templo de Deus, que sois vós, é santo. Ninguém se engane a si mesmo. Se alguém dentre vós se tem por sábio neste mundo, faça-se louco para ser sábio. Porque a sabedoria deste mundo é loucura diante de Deus; pois está escrito: ‘Ele apanha os sábios na sua própria astúcia.’ E outra vez: ‘O Senhor conhece os pensamentos dos sábios, que são vãos.’”(I cor.3.16-20) 

Como propriedade particular de Deus, é-nos dada a incumbência de vivermos em santidade, ou seja, em separação de tudo aquilo que é contrário ao Caminho do Senhor. Por isso, nos dias atuais, com o crescimento do pecado, da abundância de “intelectuais e pensadores” e  meios lícitos de propagação da impiedade,  o cristão vê-se diante de uma gama de oportunidades que podem levá-lo para distante de seu Senhor e “sujar’ o templo, que deve ser “limpo e arrumado” de conformidade com o desejo do seu Dono. Jesus afirmou: “Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus.” (Mateus 7:21) 

Como conhecer e reconhecer a vontade de Deus? 

    Ainda bem que, desde a tradução da Bíblia e a vantagem de ela ser reproduzida por diversos meios gráficos; podemos, através de uma comunhão sincera com o Espírito Santo, saber o que Deus quer de nós, na condição de seus filhos. “Os meus olhos estarão sobre os fiéis da terra, para que se assentem comigo; o que anda num caminho reto, esse me servirá.”( Salmos 101:6). Quem pode entender isso? Quem está preocupado verdadeiramente com isso? Há tantos mestres nos ensinando! Cada um tem uma receita ou opinião, e até mesmo usa passagens bíblicas para justificá-las. Não podemos deixar a responsabilidade de nossa conduta nas mãos de ninguém, “porque cada um dará conta de si mesmo diante de Deus.” (Rom. 14:12)

    Portanto, aprendamos com a parábola da dracma perdida e façamos como aquela mulher: acendendo a candeia que é a Palavra de Deus ( pois é ela que deve ser o seu parâmetro de vida), varrendo com dedicação  a nossa casa interior em busca daquilo que nos mantém em comunhão e jogando fora o que não nos edifica, para isso amplie  a presença e o mover do Espírito Santo em sua vida diariamente,  e busque, com diligência, os valores cristãos ensinados pelos pais da igreja até a achar. Buscar com diligência é fazer com esmero, com cuidado, com detalhe e foco. Não acredite nas fábulas que estão tentando nos passar. Só há uma forma de ver o Senhor e participar com Ele das Bodas do Cordeiro: é a santidade! (Hebreus 12:14).  

Há mais de dois mil anos que a humanidade recebeu as Boas Novas de salvação através de Jesus e, desde a sua subida, que as bases do verdadeiro evangelho vêm sendo sacudidas por aqueles que desejam modificá-las ou torná-las mais atraentes para conseguir seguidores. Mas o alerta  deixado por Jesus foi que a porta era estreita e o caminho apertado. (Mateus 7:13,14) E que nós deveríamos nos esforçar por passar por ela. 

Há mais de dois mil anos que somos chacoalhados por inúmeras culturas e costumes, por pontos de vista e modelos basilares para nossas vidas, daí vem a pergunta: _ Quem tem razão? Por que tantas divergências em doutrinas e ensinamentos? Quem está enganado ou está enganando? Vejam a doutrina nas epístolas e nos ensinamentos nos evangelhos, não há como deturpar, se quisermos realmente andar na Verdade. Reveja e estude ponto por ponto sobre as obras da carne enumeradas pelo apóstolo Paulo na epístola aos Gálatas, capítulo 5. Peça a Deus discernimento sobre o andar no Espírito para, só assim, não cumprir com os desejos da carne.  

Repense: quem está por trás dos costumes, da cultura, dos modelos de vida que estão nos oferecendo dia a dia na mídia, na internet, nos filmes, até mesmo nos grupos de estudo bíblico? É possível reconhecer um cristão numa praia? Em um shopping? No trabalho? ou qualquer ambiente fora da igreja? Como nos relacionamos com nosso cônjuge, amigos, parentes? Como cuidamos de nossa aparência interna e externa? Parece que nosso corpo não é morada do Espírito Santo, porque o estamos mostrando como objeto de desejo e concupiscência. Expomos nossa privacidade nas mídias sociais e fazemos desabafos por lá. Descrevemos  escândalos, mas não oramos por aqueles que caíram. Quantos cristãos não estão comemorando morte de bandidos e desafetos seus escancaradamente? Podemos ter prazer na desgraça de quem quer que seja? Olhe para sua maneira de viver, pensar, vestir,  andar, ganhar seu pão de cada dia e pergunte a Deus, com sinceridade e insistência, se com esse comportamento você está Lhe agradando. “Portai-vos de modo que não deis escândalo nem aos judeus, nem aos gregos, nem à igreja de Deus”. (1cor. 10:32). 

Acendamos a luz, varramos a casa, busquemos com diligência até acharmos o que temos perdido ao longo das nossas vidas e nos tem feito vivermos sem a plenitude do Espírito! “ Mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver;(1 Pedro 1:15). 


Sue Paulino


quarta-feira, 19 de agosto de 2020

Aprendendo com o Espírito Santo a agradar ao Senhor

E aquele que me enviou está comigo. O pai não tem me deixado só, porque eu faço sempre o que lhe agrada. Jo:8.29

 

        O versículo em questão mostra Jesus nos fazendo uma afirmação contundente e, ao mesmo tempo preocupante. Contundente porque é uma revelação bastante clara e forte; preocupante porque nos leva a uma reflexão muito séria: O que fazer para agradar a Deus? 

Veja! O Pai, o Deus grande e misericordioso, santo e justo; não deixava Jesus sozinho, “porque ele fazia sempre o que lhe agradava.” Ou seja, Cristo lhe causava satisfação, correspondia à expectativa do Pai. É a essa interpretação  que o verbo agradar representa  nesse contexto.  

Um pai ou mãe que tem orgulho do caráter e atitudes do filho ou da filha externa essa alegria. Tem prazer em dizer aos demais os feitos desses filhos. Não é que esses pais amem mais seus filhos. O amor é uma planta bastante frondosa no coração deles; mas, quando esses filhos fazem o que é certo, demonstram fé, atitudes corretas, são esforçados, estudam, ajudam e tratam os pais com zelo e respeito; não sendo apenas de aparência, é lógico que ficamos satisfeitos. Por isso que a Bíblia nos ensina que o mandamento “ Honre pai e mãe” é o primeiro mandamento com promessas. “ para que te vá bem e seus dias sejam prolongados sobre a terra que o Senhor te dá.”Êx. 20.12; Ef. 6.2. 

E Jesus era assim, pois honrava o pai em suas atitudes, andava pelas veredas que Ele havia lhe destinado e venceu todas as provas, porque sabia que seu pai estava com Ele em todos os momentos. Por falar  em satisfação, lembremos da história de Jó como exemplo. O que Deus falou a Satanás sobre esse homem: “Observaste tu ao meu servo Jó? Por que não há na terra ninguém semelhante a ele, homem íntegro e reto, temente a Deus e que se desvia do mal”. Jó 1:8. Veja como Deus tem prazer nos filhos que lhe são obedientes. Aqui não falamos de amor, pois o amor de Deus por toda a sua criação é incondicional, aqui falamos de agradar, dar-lhe prazer e alegria. 

Em Jo. 3.16, a Bíblia nos diz  “Deus amou o mundo de  tal maneira que deu seu filho unigênito, para que todo aquele que nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” Ora, aqui a passagem nos apresenta um Deus que foi capaz de sacrificar seu filho mui amado, para poder dar vida eterna a todos os que creem nEle e em seu filho. Parece que está tudo bem se “apenas crermos.” Mas não, não está tudo bem. Crer é a porta de entrada para uma vida de transformação, e essa transformação é vista através do dia a dia, na prática de atitudes que o Senhor espera de nós. 

No batismo de Jesus no rio Jordão, Deus afirmou para todos que ali estavam: “Este é meu filho amado, em quem me comprazo”. Mateus 3.16.  Era o filho que lhe  dava alegria, que O fazia ter satisfação. O apóstolo Pedro nos afirma que  Ele, Jesus, “recebeu de Deus Pai honra e glória, quando da magnífica glória lhe foi dirigida a seguinte voz: Este é o meu Filho amado, em quem me tenho comprazido”. 2Ped. 1.17.  Nessa passagem, o apóstolo relembra  um outro evento, quando, no monte da transfiguração, Deus novamente falou o quanto sentia prazer em seu filho.  Ao dizer que Cristo o deixava satisfeito e feliz, o Pai O estava  honrando. E em Neemias 8:10 está escrito, na parte final do versículo, que “... a alegria do Senhor é a Vossa força”. Estando Deus satisfeito conosco, somos fortalecidos, ou somos mais fortes. 

E para dar essa alegria a Deus, Jesus nos ensinou que era preciso fazer o que seu Pai queria. E antes que listemos o que é preciso fazer, deixemos bem claro que não é o que achamos, não é o que pensamos; mas o que a Bíblia diz que devemos fazer. Para o mundo, agradar a alguém está atrelado a quem você agrada, como agrada e por que agrada.  Dessa forma, o ser humano caído vai mudar suas atitudes de acordo com o personagem escolhido. Os filhos de Deus só têm uma forma de agradar-Lhe: é fazendo o que Ele nos ordenou que fizéssemos. 

Aos que criam em Jesus, ele os advertia: “Se vós permanecerdes nas minhas palavras, verdadeiramente sereis meus discípulos; E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.” Jo. 8:31-32. A libertação  vem com o conhecimento da verdade e a verdade vem com a permanência nas palavras de Cristo. É algo contínuo, é uma busca contínua. 

Jesus também disse: “Se me amais, guardai os meus mandamentos.” Jo: 14:15. E mandamentos, bem como exemplos, não faltam na Bíblia. Vão desde os dez mandamentos, dados a Moisés no Monte Sinai, aos ensinados por Jesus no evangelho de Mateus capítulos 5, 6 e 7, também temos os ensinamentos dos apóstolos nas epístolas de Romanos a João.   O Novo Testamento está repleto de  contínuos ensinamentos do Senhor, não somente em palavras, mas em atitudes. O exemplo nos foi dado na prática. 

Em um desses momentos, um doutor da lei, querendo experimentar o Mestre, dirigiu-lhe a seguinte pergunta: “Qual é o grande mandamento da Lei? E Jesus disse-lhe: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento. Este é o primeiro e grande mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas.” Mat. 22: 37-40.

Concluímos, então, diante dessa resposta, que não temos como cumprir os mandamentos e “sermos exemplos dos fiéis, na palavra, no trato, no amor, no espírito, na fé e na pureza”, segundo está escrito em 1Tim. 4:12; se não amarmos acima de tudo e de todos a Deus  e, consequentemente, nosso próximo. 

Sabendo que não teríamos como assim fazê-lo sem ajuda divina por causa do pecado que está em nós, Jesus prometeu que não nos deixaria só; mas enviaria um consolador, cujo nome em hebraico é parakletos , O Espírito Santo. Esse nome significa: aquele que consola ou conforta; aquele que encoraja e reanima, aquele que revive; aquele que intercede em nosso favor como um defensor numa corte. “...o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito.” João 14:26

Portanto, meus amados irmãos e irmãs, estejam atentos à voz do Espírito Santo. Todos os dias Ele está nos ensinando através da Palavra de Deus, através de hinos inspirados, através da tristeza que vem ao nosso coração, quando o desagradamos, enfim, é através da comunhão com Ele que poderemos agradar e produzir frutos dignos de arrependimento. 

O apóstolo Paulo nos adverte em efésios 4: 31 e 32 o seguinte:   “E não entristeçais o Espírito Santo de Deus, no qual estais selados para o Dia da redenção.  Toda amargura, e ira, e cólera, e gritaria, e blasfêmias, e toda malícia seja tirada de entre vós.  Antes, sede uns para com os outros benignos, misericordiosos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus vos perdoou em Cristo.”

O inimigo de nossas almas tem muitos métodos e meios para nos enganar:  músicas mundanas, filmes não adequados ao modo de vida cristã,  o encanto de bons momentos com amigos que não têm o mesmo compromisso com a Palavra, entre outras coisas mais.  A cultura mundana é atrativa e ouvimos todos os dias: “ isso não tem nada a ver”, “ o importante é sermos felizes”. Quando as mentiras dele conseguem nos enganar, ficamos vulneráveis ao seu poder. Mas, se resistirmos firmes na fé, venceremos as tentações e todos os dias daremos alegria a Deus e Ele certamente terá prazer em dizer, não mais a Satanás, mas aos seus anjos e Cristo: Este é um fiel e minha alma tem prazer nele. 

Em 1Ped. 1:15,16, está escrito: “Mas, como é santo aquele vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver; porquanto está escrito: ‘Sede santos, porque eu sou santo.” Esteja atento (a) à mensagem: é em toda a vossa maneira de viver. Tudo quanto atrapalhar sua comunhão com Deus e o agir do Espírito Santo em seu interior deve ser anulado de sua vida. Amar a Deus  de todo o  coração, e de toda a  alma, e de todo o  pensamento é um amor inequívoco, incomparável e inegociável. 

Da mesma forma que alegramos a Deus, também podemos deixá-lo triste. E quando isso acontece? Quando pecamos deliberadamente, quando sabemos que o desagrada, quando colocamos nossas prioridades acima das prioridades do reino. Quando damos mau exemplo e o evangelho é ridicularizado por causa das nossas atitudes. 

“Mas, qualquer que escandalizar um destes pequeninos, que creem em mim, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma mó de azenha, e se submergisse na profundeza do mar. Ai do mundo, por causa dos escândalos; porque é mister que venham escândalos, mas ai daquele homem por quem o escândalo vem! Portanto, se a tua mão ou o teu pé te escandalizar, corta-o, e atira-o para longe de ti; melhor te é entrar na vida coxo, ou aleijado, do que, tendo duas mãos ou dois pés, seres lançado no fogo eterno. E, se o teu olho te escandalizar, arranca-o e atira-o para longe de ti; melhor te é entrar na vida com um só olho, do que, tendo dois olhos, seres lançado no fogo do inferno. Mateus 18:6-9. 

Não perca tempo com as coisas passageiras, apresse-se em andar na presença do altíssimo em santidade e novidade de vida. Esteja sempre sedento em andar na sua verdade. Se pecar, arrependa-se, conserte sua vida e não resista ao Espírito Santo. Ele está aqui para ajudar você. 

“Portanto, como diz o Espírito Santo: Se ouvirdes hoje a sua voz, Não endureçais os vossos corações, como na provocação, no dia da tentação no deserto. Onde vossos pais me tentaram, me provaram, E viram por quarenta anos as minhas obras...

Por isso me indignei contra esta geração, E disse: Estes sempre erram em seu coração, E não conheceram os meus caminhos. Assim jurei na minha ira Que não entrarão no meu repouso. Vede, irmãos, que nunca haja em qualquer de vós um coração mau e infiel, para se apartar do Deus vivo...

Antes, exortai-vos uns aos outros todos os dias, durante o tempo que se chama Hoje, para que nenhum de vós se endureça pelo engano do pecado;Porque nos tornamos participantes de Cristo, se retivermos firmemente o princípio da nossa confiança até ao fim.” Heb. 3: 7- 14. 


Sue Paulino

sábado, 26 de agosto de 2017

Revisando a história da mulher samaritana (João 4)

Jesus e a mulher Samaritana: Relendo uma amada história
( site Israel Institute)
O capítulo que relata a história de Jesus encontrando a mulher Samaritana junto ao poço de Jacó, em João 4, começa definindo o cenário para o que acontecerá mais tarde em Samaria e está firmado no que aconteceu na Judeia no tempo em que já  se desenvolvia o Evangelho. A popularidade crescente de Jesus resultou em um significativo número de seguidores.
Seus discípulos realizaram um antigo ritual Judaico de lavagem cerimonial com água, assim como fez João Batista e seus discípulos. O ritual representava a confissão dos pecados das pessoas e seu reconhecimento da necessidade do poder purificador do perdão de Deus. Quando ficou claro para Jesus que as multidões estavam se tornando maiores, mas especialmente quando soube que muitos fariseus estavam alarmados, ele decidiu que era hora de ir para a Galiléia para continuar seu ministério (versículos 1-3).
Geografia
O texto simplesmente diz que Jesus “teve de passar por Samaria” (vs.4). Talvez, neste momento uma curta aula de geografia seja útil. As terras Samaritanas ficavam entre as terras da Judéia e da Galiléia. O caminho contornando Samaria levava o dobro do tempo, ao invés dos três dias necessários indo direto da Galiléia a Jerusalém, porque evitando Samaria era preciso atravessar o rio Jordão duas vezes para seguir um caminho a leste do rio (Vita 269). O caminho através de Samaria era mais perigoso, porque eram comuns os ânimos se exaltarem entre Samaritanos e Judeus (Ant. 20,118; Guerra 2.232). Não nos é dita a razão pela qual Jesus e seus discípulos precisavam passar por Samaria. João simplesmente diz que Jesus “tinha que ir”, implicando que para Jesus isto não era comum. Talvez Jesus precisasse chegar à Galiléia relativamente rápido. Mas o texto não nos dá nenhuma indicação de que ele tinha um convite pendente para um evento na Galiléia para o qual ele estava atrasado. Ele saiu quando sentiu a iminência de um confronto com os fariseus sobre a sua popularidade entre os Israelitas. Isto estava associado à compreensão de Jesus que o tempo para tal confronto ainda não tinha chegado. Na mente de Jesus, o confronto com a liderança religiosa da Judéia, (e não se enganem sobre isso, os principais fariseus eram parte integrante de tal liderança) neste momento era prematuro e que muito precisava ser feito antes de ir para a cruz e beber do cálice da ira de Deus, em nome da antiga aliança com o povo  e as nações do mundo. A maneira como Jesus via os Samaritanos e seu próprio ministério entre eles pode nos surpreender à medida que continuamos a examinar esta história.
Reconsidering Samaritan woman
Sabemos que os movimentos e as atividades de Jesus foram todas feitas de acordo com a vontade e a liderança do Pai. Ele só fez o que viu o Pai fazer (Jo 5: 19). Sendo este o caso, podemos estar certos de que a jornada de Jesus através de Samaria, neste momento foi dirigida por seu Pai e assim, também, foi a sua conversa com a mulher Samaritana.
A surpreendente jornada  de Jesus através de território hostil e herético tem um significado além de qualquer explicação superficial. Em um sentido muito real, desde o momento que Seu filho real foi eternamente concebido na mente de Deus,  o plano insondável de Deus e sua missão, era  ligar em uma  unidade redentora toda a sua amada criação. Jesus foi enviado para  produzir a paz entre Deus e as pessoas, bem como entre as pessoas e os povos. A realização desse grande propósito começou com um encontro desagradável  entre Jesus e aqueles que praticamente moravam ao lado – os Samaritanos.
Os Samaritanos  
Samaritan woman ReconsideringAs fontes nos apresentam, pelo menos, duas histórias diferentes dos Samaritanos. Uma – de acordo com Samaritanos Israelitas, e a outra – de acordo com Judeus Israelitas. Enquanto existem dificuldades sobre a confiabilidade dos documentos antigos contaminados pela polêmica Judaica- Samaritana, bem como a datação tardia das fontes de ambos os lados, algumas coisas podem, contudo, ser estabelecidas. A estória Samaritana de sua história e identidade correspondem aproximadamente ao seguinte:
1) Os Samaritanos chamavam-se a si mesmos de Bnei Israel (Filhos de Israel).
2) Os Samaritanos eram um grupo considerável de pessoas que acreditavam  preservar a religião original do antigo Israel. O nome Samaritano traduzido literalmente do hebraico significa Os Guardiões (de leis e tradições originais). Embora seja difícil falar em números concretos, a população Samaritana no tempo de Jesus era comparável àquela dos Judeus e incluiu a grande diáspora.
3) Os Samaritanos acreditavam que o centro de adoração de Israel não deveria ter sido o Monte Sião, mas sim o Monte Gerizim. Eles argumentaram que este era o local do primeiro sacrifício Israelita na Terra (Deut. 27: 4) e que continuou a ser o centro da atividade sacrificial dos patriarcas de Israel. Este era o lugar onde as bênçãos foram pronunciadas pelos antigos Israelitas. Os Samaritanos acreditavam que Betel (Jacob), o Monte  Moriá (Abraão) e o Monte Gerizim eram o mesmo lugar.
4) Os Samaritanos tinham  essencialmente um credo quádruplo: 1) Um Deus, 2) Um Profeta, 3) Um Livro e 4) Um  Lugar.
5) Os Samaritanos acreditavam que as pessoas que se chamavam Judeus (crentes no Deus de Israel situados na Judéia) haviam tomado o caminho errado em sua prática religiosa pela importação de novidades para a Terra durante o retorno do exílio Babilônico.
6) Os Samaritanos autênticos rejeitaram a supremacia da dinastia Davídica em Israel. Eles acreditavam que os sacerdotes levitas em seu templo eram os legítimos líderes  de Israel.
Agora que fizemos um resumo parcial levando em conta o outro lado da história e as crenças dos Samaritanos, vamos nos voltar para a versão Judaica da mesma história. Este registro essencialmente origina-se de dois Talmuds e sua interpretação da Bíblia Hebraica, de Josefo e do Novo Testamento.
1) Os Samaritanos eram um grupo de pessoas com misturas teológicas e étnicas. Eles acreditavam em um Deus único. Além disso, eles associavam seu Deus, com o Deus que deu a Torá ao povo de Israel. Os Samaritanos são geneticamente relacionados aos remanescentes das tribos do norte que foram deixados na terra após o exílio Assírio. Eles se casaram com  gentios, que foram transferidos para Samaria pelo imperador Assírio. Este ato de desapropriação e transferência de sua terra natal foi feito em uma tentativa estratégica de destruir a identidade do povo e prevenir  qualquer potencial de futura revolta.
2) Nos escritos rabínicos Judaicos, os Samaritanos são geralmente referidos pelo termo “Kuthim.” O termo está provavelmente relacionado a um local no Iraque do qual foram importados exilados não Israelitas para Samaria (2 Reis 17:24). O nome Kuthim ou Kuthites (de Kutha) foi usado em contraste com o termo “Samaritanos” (os guardiões da lei). Os escritos Judaicos enfatizaram a identidade estrangeira da religião e prática Samaritanas, em contraste com a verdadeira fé de Israel, que eles chamariam especialmente em um período posterior, como Judaísmo Rabínico [1]. A interpretação rabínica dos Samaritanos não foi totalmente negativa.
3) De acordo com 2 Crônicas 30:1-31:6, a alegação de que as tribos do norte de Israel foram todas exiladas pelos Assírios e, portanto, aqueles que ocuparam a terra (Samaritanos) eram de origem não Israelita é rejeitada em uma leitura mais atenta da Bíblia Hebraica. Esta passagem diz que nem todas as pessoas do reino do norte foram exiladas pelos Assírios. Alguns, talvez confirmando a versão Samaritana, permaneceram mesmo após a conquista Assíria da terra no século 8 AC.
4) Os Israelitas situados na Judéia (os Judeus) acreditam que não só os Samaritanos optaram por rejeitar as palavras dos profetas a respeito supremacia de Sião e dinastia Davídica, mas  também deliberadamente mudaram a própria Torá para ajustar sua teologia e práticas heréticas. Esta é uma das visões que podem ser tiradas da comparação dos dois Pentateucos, a Torá dos Samaritanos e a Torá dos Judeus. O texto Samaritano permite leitura muito melhor do que o mesmo Judeu. Em alguns casos, as histórias da Torá Judaica parecem truncadas, com pouca  lógica e fluxo narrativo não claro. Em contraste, os textos da Torá Samaritana parecem ter um fluxo narrativo muito mais suave. Superficialmente, isto torna a Torá Judaica problemática. Após uma análise mais aprofundada, no entanto, isso poderia levar ao argumento de que o Pentateuco Samaritano seria uma revisão ou edição tardia de texto Judaico anterior. Com base neste e em outros argumentos, estamos de acordo com a visão Judaica  argumentando que a Torá Samaritana é uma revisão magistral e teologicamente dirigida  dos primeiros  textos Judaicos correspondentes.
Para receber mais informações sobre o  aprendizado de Línguas Bíblicas na Universidade Hebraica de Jerusalém  /  programa bíblico on-line da Israel Institute of Biblical Studies a um custo acessível, por favor, clique aqui.
O Encontro
Samaritan woman reconsideringAo descrever o encontro, João faz várias observações interessantes que têm grandes implicações para o nosso entendimento dos versículos 5-6:
“Então ele veio a uma cidade da Samaria, chamada Sicar, perto do terreno  que Jacó tinha dado a seu filho José. O poço de Jacó estava lá, e Jesus, cansado como estava da viagem, sentou-se ao lado do poço. Era cerca da hora sexta”.
Primeiro, João menciona a cidade Samaritana chamada Sicar. Não está claro se Sicar era uma vila muito perto de Siquém ou a própria Siquém [2]. O texto simplesmente chama a nossa atenção para um local perto da  terra que  Jacó deu a seu filho José. Se não era o mesmo lugar, foi certamente na mesma vizinhança, no sopé do Monte Gerizim. Embora isso seja interessante e mostre que João era realmente um morador do local, conhecer a geografia detalhada da antiga Palestina Romana, não é menos importante, e talvez ainda mais importante, uma vez que o autor do Evangelho chama a atenção do leitor para a presença de uma testemunha silenciosa para este encontro – os ossos de José. Isto é como o livro de Josué fala sobre o evento:
“Agora, eles enterraram os ossos de José, que os filhos de Israel trouxeram do Egito, em Siquém, no pedaço de terra que Jacó havia comprado dos filhos de Hamor, pai de Siquém, por cem peças de dinheiro, e se tornaram a herança dos filhos de José “(Js.  24: 32).
A razão para esta referência a José, no versículo 5 só se tornará clara quando vemos que a mulher Samaritana sofreu em sua vida de forma semelhante a José. Se esta interpretação  da história é correta, que assim como na vida de José, o sofrimento inexplicável que passou teve a finalidade de levar a salvação a Israel, do mesmo modo o sofrimento na vida da mulher Samaritana   levou à salvação dos Samaritanos Israelitas naquela localidade (4 : 22).
João continua: “Ali ficava o poço de Jacó, e Jesus, cansado como estava da viagem, sentou-se ao lado do poço. Era quase a hora sexta “(v. 6). Tradicionalmente se assume  que a mulher Samaritana era uma mulher de má fama. A referência à hora sexta  (cerca de 12:00 hs) tem sido interpretada como se ela estivesse evitando a multidão de outras mulheres da cidade tirando água. A hora sexta bíblica era supostamente o pior momento possível do dia para se deixar a moradia e se aventurar no calor escaldante. “Se alguém for tirar água, neste horário, poderíamos concluir apropriadamente que estava tentando evitar as pessoas”, diz o argumento.
Vamos, no entanto, sugerir uma outra possibilidade. A teoria popular a vê como uma mulher particularmente pecadora que havia caído em pecado sexual e, portanto, foi chamada por Jesus a prestar contas sobre os vários  maridos em sua vida. Jesus disse a ela, como a teoria popular diz, que Ele sabia que ela anteriormente teve cinco maridos e que atualmente ela estava vivendo com seu “namorado”,  sem os limites do casamento e que ela não estava apta para jogar jogos espirituais com Ele! Deste ponto de vista, a razão pela qual ela evitou a multidão é precisamente por causa de sua reputação de compromissos familiares de curta duração.
Primeiro, 12:00 hs  ainda não é o pior horário para andar no sol. Se fosse 15:00 hs (hora nona) a teoria tradicional faria um pouco mais de sentido. Além disso, não fica claro se isso ocorreu durante o verão, o que poderia tornar o tempo em Samaria irrelevante nos dois horários. Em segundo lugar, é possível que estejamos dando muita importância a sua ida para tirar água em “um momento incomum”? Nós todos, por vezes, não fazemos coisas normais em horários incomuns? Isso não significa necessariamente que estejamos escondendo alguma coisa de alguém. Em terceiro lugar, vemos que as filhas do sacerdote de Midiã foram dar água aos seus animais por volta da mesma hora do dia, quando as pessoas supostamente não vão aos  poços (Êxodo 2:15-19).
Quando lemos essa história, nós não podemos ajudar mas, podemos perguntar como é possível, em uma sociedade conservadora como a  Samaritana, que uma mulher com tal histórico ruim, apoiasse os valores da comunidade e tivesse motivado toda a aldeia a largar tudo e ir com ela ver Jesus, um profeta Judeu “herege para os  Samaritanos”.  A lógica padrão seria como segue.  Ela tinha levado uma vida tão sem Deus que, quando outros ouviram de sua excitação e do encontro de um novo interesse espiritual  eles se admiraram e foram ver Jesus por si mesmos. Esta interpretação, ainda que possível, parece improvável para os autores deste livro e parece compreender enfoques teológicos muito mais tarde nessa história antiga, que tinha o seu próprio ambiente histórico. Estamos convencidos de que ler a história de uma maneira nova é mais lógico e cria menos problemas de interpretação do que a visão comumente aceita.
Vejamos  mais de perto esta passagem
“Quando uma mulher Samaritana veio tirar água, Jesus lhe disse: ‘Você vai me dar de beber? (Seus discípulos tinham ido à cidade comprar comida). A mulher Samaritana lhe disse: ‘Você é um Judeu e eu sou uma mulher Samaritana. Como você pode me pedir água? ” (Pois os Judeus não se dão com os Samaritanos.) “(Vs.7-9).
Apesar do fato de que para a visão moderna as diferenças eram insignificantes e sem importância, Jesus e a mulher Samaritana sem nome eram de dois povos diferentes e historicamente antagônicos, cada um considerando que o outro  se desviou drasticamente da antiga fé de Israel. Em suma, suas famílias eram inimigas sociais, religiosas e políticas. Isto não era porque eles eram tão diferentes, mas precisamente porque eles eram muito parecidos.
De acordo com a perspectiva tradicional, a mulher Samaritana provavelmente reconheceu que Jesus era Judeu pela sua roupa Judaica tradicional. Jesus certamente estava usando franjas rituais em obediência à Lei de Moisés (Nm.15: 38e  Dt 22:12). Desde que os homens Samaritanos  também  observavam a Lei de Moisés, é provável que os ex-maridos da mulher Samaritana e outros homens de sua aldeia também usassem a roupa ritual com franjas. A observância da lei Mosaica pelos Samaritanos ‘(lembrar que o termo Samaritanos significa os “guardiões” da lei e não as pessoas que viviam em Samaria)’ estava de acordo com a sua própria interpretação e diferia da visão Judaica em algumas questões, mas é importante lembrar que eles eram considerados pela comunidade Judaica Israelita mais como irmãos rivais  do que como estranhos não relacionados. Continuando a leitura:
“Se tu conhecesses o dom de Deus e quem é o que lhe pede água, você lhe teria pedido e ele te daria água viva.” ‘Senhor’, disse a mulher, “você não tem nada com que tirar água e o  poço é fundo. Onde você pode obter essa água da vida? És tu maior do que o nosso pai Jacó, que nos deu o poço e bebeu ele mesmo, como também os seus filhos e os seus rebanhos e manadas? Jesus respondeu: “Todo aquele que beber desta água tornará a ter sede, mas quem beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede. Na verdade, a água que eu lhe der se tornará  nele uma fonte de água a jorrar para a vida eterna. ” A mulher disse-lhe: ‘Senhor, dá-me dessa água, para que eu nunca mais fique  com sede e tenha que continuar vindo aqui para tirar água. ” Ele lhe disse: Vai, chama o teu marido e volte. ‘ “Eu não tenho marido”, ela respondeu. Jesus disse-lhe: “Você tem razão quando diz que não tem marido. O fato é que tiveste cinco maridos, e o homem que você tem agora não é seu marido. O que você acabou de dizer é verdade ” [3]. ‘Senhor ‘, disse a mulher, “Eu posso ver que você é um profeta. Nossos pais adoraram neste monte, e vós dizeis que o lugar onde se deve adorar está em Jerusalém. ”
Esta passagem tem sido frequentemente interpretada da seguinte forma: Jesus inicia uma conversação espiritual (vs.10). A mulher começa a ridicularizar declaração de Jesus apontando a incapacidade de Jesus fornecer o que ele parece oferecer (vs.11-12). Depois de um breve confronto em que Jesus chama a atenção para a falta de solução definitiva para o problema espiritual da mulher (vs. 13-14), a mulher continua com uma atitude sarcástica (vs.15). Finalmente, Jesus teve o suficiente e ele então expõe com força  o pecado na vida da mulher – um padrão de relacionamentos familiares interrompidos (vs.16-18). Agora, indo direto ao coração pela visão onisciente de Jesus, a mulher reconhece seu pecado em um momento de verdade (vs.19) chamando Jesus de profeta. Mas então, como todo incrédulo normalmente faz, ela tenta evitar os problemas reais do seu pecado e sua necessidade espiritual. Ela começa a falar sobre questões doutrinárias (versículo 20), a fim de evitar lidar com os problemas reais da sua vida. Embora esta maneira de ler este texto possa não ser a única, ela é acompanhada de uma visão geralmente negativa da mulher Samaritana.
Por esta interpretação popular pressupor que a mulher era particularmente imoral,  toda a conversa é vista à luz de um ponto de vista negativo. Gostaríamos de recomendar uma trajetória totalmente diferente para a compreensão desta história. Embora não seja um caso um hermético, essa trajetória alternativa parece ajustar-se melhor ao resto da história e, especialmente, a sua conclusão.
Para receber mais informações sobre o  aprendizado de Línguas Bíblicas na Universidade Hebraica de Jerusalém  /  programa bíblico on-line da Israel Institute of Biblical Studies a um custo acessível, por favor, clique aqui.
Relendo a História
8-jesus-and-samaritan-woman-well7Como foi sugerido anteriormente, é possível que a mulher Samaritana não estivesse necessariamente  tentando evitar qualquer pessoa. Mas, mesmo que ela estivesse, há outras explicações para sua fuga que não o sentimento de culpa por sua imoralidade sexual. Por exemplo, como se sabe as pessoas quando estão deprimidas não querem ver ninguém. A depressão estava presente no tempo de Jesus, assim como ela está presente na vida das pessoas hoje. Em vez de assumir que a mulher Samaritana trocou de maridos como quem troca de roupa, é  razoável pensar nela como uma mulher que tinha experimentado a morte de vários maridos, ou como uma mulher cujos maridos podem ter sido infiéis a ela, ou mesmo como uma mulher cujos maridos se divorciaram dela por sua incapacidade de ter filhos. Qualquer uma destas sugestões e muitas outras são possíveis  neste caso.
É importante notar que, ter cinco maridos sucessivos era inédito na sociedade antiga, especialmente em uma conservadora como a dos Israelitas Guardiões da Lei (Samaritanos). Este fato fez com que alguns comentaristas antigos e modernos sugerissem erroneamente que este encontro não era histórico, mas metafórico. O argumento usado foi de que ‘desde que os Samaritanos representavam gentios e, portanto, a situação absurda de ter cinco maridos deveria ter dado uma pista para o leitor que esta não é uma história real e nem uma mulher real’. Naquela sociedade, a menos que a mulher fosse rica, adotar para si um estilo de vida sem compromisso era uma impossibilidade econômica. Uma vez que não era  seu servo, mas ela mesma que foi  tirar água, concluímos que ela provavelmente não era rica e, portanto, simplesmente não podia pagar o tipo de estilo de vida com  que a temos dotado ao longo de séculos de interpretação cristã. Sem sequer considerar outras possibilidades como opções viáveis, aqueles que nos ensinaram, e aqueles que lhes ensinaram, têm consistentemente retratado essa mulher sob uma luz totalmente negativa. Acreditamos que isto seja desnecessário.
Se estivermos corretos em nossa sugestão de que essa mulher não era particularmente uma “mulher caída”, então talvez possamos ligar o seu testemunho incrivelmente bem sucedido na aldeia com a inesperada, mas extremamente importante referência de João aos ossos de José. Vale ressaltar que para os gentios e até mesmo hipotéticos leitores “Judeus” deste Evangelho, o lugar onde os ossos de José foram enterrados não seria tão importante, embora ainda significativo, do que teria sido para os Samaritanos Israelitas, uma vez que os ossos do Patriarca também ligam a presença de Deus com a vizinhança do Monte Gerizim e a cidade santa de Siquém. Quando ouvimos que a conversa ocorreu  ao lado de ossos de José, imediatamente lembramos da  história de José e  principalmente de seu sofrimento imerecido. Como você se  lembra, apenas parte dos sofrimentos de José foram auto impostos. Ainda no final, quando ninguém esperava por isso, os sofrimentos de José acabaram por tornar-se os eventos que salvaram o mundo da fome.
Agora, considere a conexão com José em mais detalhes. Siquém foi uma das cidades de refúgio, onde se proporcionava um paraíso seguro a um homem que tivesse matado alguém sem intenção (Js. 21:20-21). Como os habitantes de Siquém estavam vivendo suas vidas sob a sombra da prescrição da Torá eles eram, sem dúvida, bem cientes do estado incomum de graça e função protetora de Deus, que foi atribuído à sua cidade especial. Eles deveriam proteger as pessoas infelizes, cujas vidas foram ameaçadas de vingança pelos membros da família, mas na verdade eram inocentes de qualquer crime intencional que justificasse o castigo ameaçado [4].
José nasceu em uma família muito especial, onde a graça e a salvação deveriam descrever sua característica. Jacó, o descendente de Abraão e Isaac, teve outros 11 filhos, cujas ações, ao invés de ajudar seu pai a levantar José, variavam de explosões de ciúme ao desejo de se livrar para sempre de seu mimado, mas “especial” irmão. Mas havia mais. Foi em Siquém que Josué reuniu as tribos de Israel, desafiando-os a abandonar seus antigos deuses em favor de YHWH e depois de fazer a aliança com eles, enterrou os ossos de José lá. Lemos em Josué 24:1-32:
“Então Josué reuniu todas as tribos de Israel em Siquém. Ele convocou os anciãos, os líderes, os juízes e os oficiais de Israel, e eles se apresentaram diante de Deus … Mas se servir ao Senhor parece indesejável para vocês,  então  escolham hoje a quem vocês vão servir, se aos deuses que seus antepassados serviram além do Rio  ou aos deuses dos Amorreus, em cuja terra habitais. Porém, eu e a minha família serviremos ao Senhor. “… Naquele dia, Josué fez uma aliança para o povo, e em Siquém ele elaborou  decretos e leis para o povo (vs.26)  E Josué registrou essas coisas no Livro da Lei de Deus. Então ele pegou uma grande pedra e a erigiu ali debaixo do carvalho perto do lugar santo do Senhor… 31 Israel serviu ao Senhor durante toda a vida de Josué e dos anciãos que sobreviveram e que tinham experimentado tudo o que o Senhor tinha feito por Israel. E os ossos de José, que os israelitas haviam trazido do Egito, foram enterrados em Siquém, no pedaço de terra que Jacó comprara dos filhos de Hamor , pai de Siquém, por cem peças de prata. Esta terra tornou-se a herança dos descendentes de José”.
É interessante que o lugar deste encontro com a mulher Samaritana foi escolhido pelo Senhor da providência de uma forma tão bonita: uma mulher emocionalmente alienada que se sente desprotegida, enquanto ela vive na ou perto da cidade de refúgio, está tendo um fundamento na fé, uma conversa de compromisso  com o Renovador da Aliança de Deus – o Real Filho de Deus,  Jesus. Ela faz isso no mesmo lugar onde os antigos israelitas renovaram sua aliança, em resposta às palavras de Deus, selando-as com duas testemunhas: 1) a pedra (Js.24 :26-27), confessando com a boca as suas obrigações para com a aliança e a fé no Deus de Israel, e 2) os ossos de José (Js.24 :31-32), cuja história os guiou em suas viagens.
Em certo sentido, a mulher Samaritana faz a mesma coisa que os Israelitas antigos ao confessar a seus concidadãos a sua fé em Jesus como o Cristo e o compromisso com o Salvador do mundo. Lemos em João 4:28-39.
“Venham, ver o homem que me disse tudo o que eu já fiz. Poderia ser este o Cristo? “Eles saíram da cidade e foram para o lugar onde Jesus estava… Muitos dos Samaritanos daquela cidade creram nele, por causa do testemunho da mulher…”
A ligação entre José e a mulher Samaritana não termina aí. Lembrar que José recebeu adiantada uma bênção especial de seu pai, no momento da morte de Jacó. Era uma promessa de que ele seria uma videira frutífera subindo pela parede (Gênesis 49:22). O Salmo 80:8 fala de uma vinha sendo trazida do Egito, cujos ramos espalhados por toda a terra, acabaram por levar a salvação ao mundo através da videira verdadeira. Em João 15:1, lemos que Jesus se identifica como esta videira verdadeira e assim como o antigo Israel, Jesus também foi simbolicamente tirado do Egito (Mt. 2: 15). Em sua conversa com a mulher Samaritana, Jesus – a videira prometida na benção de Jacó a José – está de fato escalando o muro da hostilidade entre os Judeus Israelitas e Samaritanos Israelitas  para unir estas duas partes do seu reino através de Sua pessoa, ensino e ações. De uma forma profundamente simbólica esta conversa ocorre perto de um poço que foi construído por Jacó, a quem foi dada a promessa!
Agora que nós analisamos alguns simbolismos relevantes do Antigo Testamento, vamos reler essa história através de um olhar diferente. Ela pode ter sido algo como:
Jesus inicia uma conversa com a mulher: “Você vai me dar de beber?” Seus discípulos tinham ido à cidade comprar comida. A mulher se sente segura com Jesus, pois, como ele não é de sua aldeia, ele não sabe sobre sua vida ou  mesmo quão deprimida ela pode ter se sentido durante meses. Em sua opinião, ele era parte relacionada de uma comunidade religiosa herética. Jesus não teria tido nenhum contato com os líderes Samaritanos Israelitas  de sua comunidade. Ela estava segura. Esta abertura da mulher para Jesus é muito semelhante aos trabalhadores cristãos que procuram fora aconselhamento para seus problemas familiares. As pessoas que conhecem e amam são agradáveis, mas também podem ser perigosas. Quem sabe?! Elas podem transmitir informações que em alguns casos podem terminar a carreira ministerial do trabalhador. Assim, em casos difíceis, os trabalhadores do ministério cristão costumam optar por pagar especialistas em aconselhamento que são independentes e não ligados à suas igrejas e ministérios. O especialista é seguro. É o seu trabalho. Isto é tudo. Nesse sentido Jesus era seguro. Ele não era um Samaritano mas, Judeu.
O problema aqui não era simplesmente que Jesus era Judeu e ela uma Samaritana; seus povos, seus pais e avós, eram inimigos ferrenhos em áreas religiosas e políticas. Ambos os povos consideravam o outro como impostores. Os estudiosos apontam, apelando para o Talmude Babilônico, algumas declarações rabínicas talmúdicas tais como ” As filhas dos Samaritanos menstruam desde o berço” e,  portanto, qualquer coisa que eles manusearem seriam impuras para os Judeus (bNidd. 31b) e “É proibido dar a uma mulher qualquer saudação “(bQidd. 70a). É importante que estejamos conscientes de problemas metodológicos quando apelamos para o Talmud. O Talmude Babilônico foi codificado e editado muito mais tarde do que os Evangelhos (início dos anos 200 d.C contra o inicio dos anos 600 d.C). Portanto, devemos ser cautelosos ao usar o Talmud para explicar os Evangelhos, escritos muito antes. Ele não somente foi escrito muito mais tarde, mas também, como é amplamente aceito, não foi reconhecido como o único representante ou até mesmo maior do ensino Judaico até em algum momento entre os séculos 6º e 8º. Em outras palavras, ao contrário de hoje, representava apenas a elite e as classes rabínicas marginais e não o modo de pensar de toda a  comunidade Judaica. Tudo isso para dizer que a regra de não cumprimentar uma  mulher  pode não ter sido de todo  praticada por Jesus, o Judeu e, portanto, não pode ser usada sem critério na interpretação. Por outro lado, a referência as mulheres Samaritanas passando por períodos de menstruação desde o seu nascimento, embora , obviamente, mítica se encaixa perfeitamente com outras coisas que sabemos sobre o ódio profundo entre Samaritanos e Judeus. Mas  um bom nível de cautela deve ser exercido  em uma interpretação livre.
Jesus responde: “Se conhecesses o dom de Deus e quem é o que lhe pede água, você lhe teria pedido e ele te daria água viva.” É importante que nós imaginemos a mulher. Ela não estava rindo, ela estava tendo uma discussão informada, profundamente teológica e espiritual com Jesus. Esta foi uma ousada tentativa de apurar a verdade que estava fora de sua estrutura teológica aceita e certamente não passaria no teste das sensibilidades culturais dos Samaritanos “fiéis”. Ela discorda do  problema com Jesus, precisamente porque ela leva a sério a palavra de Deus (Torah Samaritana):
“‘Senhor’, disse a mulher,” você não tem nada com que tirar água e o poço é fundo. Onde você pode obter essa água da vida? És tu maior do que o nosso pai Jacó, que nos deu o poço e bebeu ele mesmo, como também os seus filhos e os seus rebanhos e manadas? Jesus respondeu: “Todo aquele que beber desta água tornará a ter sede, mas quem beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede. Na verdade, a água que eu lhe der se tornará  nele uma fonte de água a jorrar para a vida eterna. “A mulher disse-lhe: ‘Senhor, dá-me dessa água, para que eu nunca mais fique com sede e tenha  que continuar vindo aqui para tirar água”.
Após a interação acima, que bate em  uma corda familiar para o cristão que experimentou o poder de dar vida pela presença de Jesus e da renovação espiritual, Jesus continua a conversa. Jesus deixa a mulher Samaritana sem nome saber que Ele entende seus problemas muito mais completamente do que ela pensa, mostrando-lhe que ele está ciente de toda a dor e sofrimento que ela sofreu em sua vida.
“Disse-lhe: Vai, chama o teu marido e volte. ‘ “Eu não tenho marido”, ela respondeu. Jesus disse-lhe: “Você tem razão quando diz que não tem marido. O fato é que tiveste cinco maridos, e o homem que você tem agora não é seu marido. O que você acabou de dizer é verdade. ”
Lembrar a referência aparentemente obscura aos ossos de José  terem sido enterrados perto deste exato lugar onde a conversa aconteceu? No início da história, João queria nos lembrar de José. Ele foi um homem que sofreu muito em sua vida, mas cujo sofrimento foi finalmente usado para a salvação de Israel e do mundo conhecido. Sob a liderança de José, o Egito tornou-se a única nação que agiu com sabedoria, armazenando grãos durante os anos de fartura e, em seguida, foi  capaz de alimentar os outros durante os anos de fome. É altamente simbólico que esta conversa aconteceu na presença de uma testemunha silenciosa – os ossos de José. Deus em primeiro lugar permitiu que José passasse por uma  terrível injustiça física, psicológica e social,  mas ele então usou esse sofrimento para abençoar grandemente aqueles que entraram em contato com José. Em vez de ler esta história em termos de Jesus pregando a mulher imoral na cruz do padrão de moralidade de Deus, devemos lê-la em termos da misericórdia e compaixão de Deus pelo mundo destruido, em geral, e pelos Israelitas marginalizados, em particular.
De acordo com o ponto de vista popular, é, neste momento, condenada pela repreensão profética de Jesus, que a mulher procura mudar o assunto e evitar a natureza pessoal do encontro envolvendo-se em uma controvérsia teológica sem importância. O problema é que estas questões não são importantes somente para o leitor moderno. Elas eram uma preocupação muito real para os leitores antigos, especialmente aqueles cuja casa ficava na Palestina Romana. Portanto, vamos considerar a interpretação alternativa de que, vendo que Jesus conhecia sua situação íntima miserável e  também sua empatia compassiva, a mulher se sente segura o suficiente para quebrar a tradição e também para escalar o muro das associações proibidas. Ela faz uma afirmação que convida a um comentário de Jesus sobre uma questão que tem a ver com a diferença teológica fundamental entre os Judeus e os Samaritanos.
“‘Senhor’, disse a mulher,” Eu posso ver que você é um profeta. Nossos pais adoraram neste monte, e vós dizeis que o lugar onde se deve adorar é em Jerusalém”.
Como se pode lembrar os Samaritanos eram Israelitas situados  no Monte Gerizim de acordo com  sua compreensão do Pentateuco (Torá), enquanto os Judeus eram situados no Monte Sião em sua interpretação da mesma literatura, é certo que com variações ocasionais. Esta questão parece trivial para um cristão moderno que normalmente pensa que o que é realmente importante é que se pode dizer: “Jesus está em  minha vida como Salvador pessoal e Senhor”. Mas enquanto esta questão não incomoda ninguém hoje, era uma questão importante para os Samaritanos Israelitas e Judeus Israelitas e, por extensão, para  Jesus Judeu e a mulher Samaritana. Na verdade, esta conversa profundamente teológica e espiritual foi um encontro muito importante no caminho da história humana, por causa do tremendo impacto da mensagem cristã em todo o mundo desde que  este  encontro ocorreu.
Com medo e tremor a mulher Samaritana, guardando o seu sentimento de humilhação e amargura para com os Judeus, fez sua pergunta na forma de uma declaração. Ela recebeu de Jesus algo que ela definitivamente não esperava ouvir de um profeta Judeu:
“Jesus declarou: ‘Acredite em mim, mulher, vem a hora em que você não vai adorar o Pai nem neste monte, nem em Jerusalém. Os Samaritanos adoram o que não conhecem nós adoramos o que conhecemos porque a salvação vem dos Judeus. Mas a hora está chegando e já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade, pois são estes os adoradores que o Pai procura. Deus é espírito, e os seus adoradores devem adorá-lo em espírito e em verdade”.
Em nossa leitura, portanto, a pergunta da mulher Samaritana reflete uma  boa, honesta e justa suposição de que o ministério de Jesus e chegada em Samaria já tinha se tornado obsoleto. No livro de Hebreus (Hb.12 :1-24), o autor dirigiu-se à comunidade crente. Ele afirmou que a grandeza da fé no Deus de Israel por meio de Jesus, o Messias deve provocá-los a uma resposta muito maior do que os consagrados na tradição Judaica. Ele exortou os crentes a perseverar na fé, como segue:
“Vamos fixar nossos olhos em Jesus, autor e consumador da nossa fé … Você não vem para uma montanha que pode ser tocada e que está ardendo em fogo … Mas você veio ao Monte Sião, à Jerusalém celestial, a cidade do Deus vivo. Você juntou-se a milhares e milhares de anjos em alegre assembléia, à igreja dos primogênitos, cujos nomes estão escritos no céu. Viestes a Deus, o juiz de todos os homens, e aos espíritos dos justos aperfeiçoados, a Jesus, o Mediador de uma nova aliança, e ao sangue da aspersão, que fala melhor do que o sangue de Abel”.
Para receber mais informações sobre o  aprendizado de Línguas Bíblicas na Universidade Hebraica de Jerusalém  /  programa bíblico on-line da Israel Institute of Biblical Studies a um custo acessível, por favor, clique aqui.
4-jesus-and-samaritan-woman-well3O argumento básico é que a responsabilidade de observar a Nova Aliança é muito maior do que qualquer nível de compromisso de responsabilidade que foi encontrado pelo povo de Deus no passado. Portanto, manter este compromisso é essencial, apesar das circunstâncias difíceis. O autor apela para tudo o que é maior: Jesus é maior do que o grande Moisés, a Nova Aliança é maior do que a grande Antiga Aliança, o sangue do homem justo (Jesus) é maior do que o sangue do justo Abel. Basicamente, quanto maior for a aliança, maior é a responsabilidade. Um dos argumentos incluídos na comparação geral no livro de Hebreus é que o Monte Sião celeste é melhor e maior que a grande Sião terrena.
Jesus já havia afirmado que o centro da adoração terrena teria que ser transferido da Jerusalém física para a Jerusalém espiritual celestial concentrada em si mesmo, quando ele falou com Natanael. Por favor, permita-nos explicar. O incidente é relatado em João 1:50-51 .
“Jesus disse: ‘Você crê porque eu disse que te vi debaixo da figueira. Você verá coisas maiores do que istas. ” Em seguida, ele acrescentou: “Digo-lhes a verdade, você verá o céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do Homem”.
Jesus invocou a grande história da Torah do sonho de Jacó, dos anjos de Deus subindo e descendo sobre a Terra Santa de Israel, onde ele estava dormindo (Gn.18: 12). Ele disse a Natanael que muito em breve os anjos estariam subindo e descendo, e não em Betel (em hebraico – Casa de Deus), que os Samaritanos acreditavam estar identificada com Monte Gerizim, mas sobre a última Casa de Deus – o próprio Jesus (João 1: 14).
A religião Samaritana oficial, tanto quanto sabemos, não incluía quaisquer escritos proféticos, pelo menos, tanto quanto sabemos por fontes mais antigas escritas sobre os Samaritanos. “A mulher disse, ‘Eu sei que”o Messias “(chamado Cristo) está chegando. Quando ele vier, vai explicar tudo para nós “” Então Jesus declarou: “Eu que falo contigo, sou ele” (vs. 25-26). Lemos em Dt.18 :18-19:
“Vou levantar para eles um profeta como tu dentre seus irmãos, vou colocar as minhas palavras na sua boca, e ele lhes falará tudo o que eu lhe ordenar. Se alguém não ouvir as minhas palavras que o profeta falar em meu nome, eu o chamarei para dar conta”.
Apesar de um antigo texto Samaritano falar figurativamente de alguem  semelhante ao Messias – Taheb (Marqah Memar 4: 7, 12), os Samaritanos do tempo de Jesus somente esperam um grande mestre-profeta. O “Messias” como Rei e Sacerdote era um Judeu Israelita, não um conceito Samaritano Israelita, tanto quanto sabemos. Por essa razão, a resposta da mulher Samaritana mostra que esta não era uma conversa imaginária ou simbólica (ele vai explicar para nós tudo). Em vista disso, parece que agora a mulher graciosamente usava terminologia judaica para se relacionar com Jesus – o Judeu [5]. Entre os Samaritanos isto não era habitual. Assim como Jesus estava escolhendo escalar o muro de tabus, agora foi a mulher Samaritana. A história deste encontro “dá orientações sobre como lidar com feridas e divisões, especialmente antigas… no periscópio Samaritano ele é apresentado como um reconciliador de antigos inimigos.” Iremos considerar este tema no capítulo final da aplicação deste livro intitulado – A Chamada.
A história muda rapidamente com o retorno dos discípulos, a sua reação e interação semelhante a um comentário com Jesus. Este intercâmbio é encaixado entre o encontro da mulher Samaritana e os homens da sua aldeia. Os discípulos ficaram surpresos ao vê-lo conversando com a mulher Samaritana, mas ninguém o desafiou sobre a inadequação de tal encontro.
“27 Naquele momento os seus discípulos voltaram e ficaram surpresos ao encontrá-lo conversando com uma mulher. Mas ninguém perguntou: “O que você quer?” Ou “Por que você está falando com ela?” 28 Então, deixando o seu cântaro, a mulher voltou à cidade e disse ao povo: 29 “Venham, vejam um homem que me disse tudo o que eu já fiz. Poderia ser este o Cristo? “30 Eles saíram da cidade e foram em direção a ele. 31 Equanto isso, os seus discípulos pediram a Jesus: “Mestre, coma alguma coisa.” 32 Mas ele lhes disse: “Eu tenho um alimento para comer que vocês não conhecem.” 33 Então os discípulos diziam uns aos outros: “Será que alguém já trouxe comida para ele? “34” A minha comida “, disse Jesus,” é fazer a vontade daquele que me enviou, e realizar a sua obra. (João 4:27-39 )”.
Embora seja possível que os discípulos tenham ficado surpresos que ele estivesse sozinho com a mulher, o contexto geral da história parece indicar que a resposta do discípulo tinha que, em vez disso, faze-lo conversar com a mulher Samaritana. Deixando para trás o seu cântaro, a mulher correu para a cidade para contar ao seu povo sobre Jesus. Faz uma pergunta importante para eles: seria este aquele a quem Israel tem esperado por muito tempo? Falando como se ele estivesse no contexto do encontro, Jesus aponta aos seus discípulos que o que ele estava fazendo era a pura e simples vontade de Deus. Que fazer a vontade de seu Pai, deu-lhe a divina energia da vida.  Esta energia divina lhe permitiu continuar seu trabalho. Continuamos a leitura:
“Vocês não dizem: ‘Daqui a quatro meses chegará a colheita? Eu digo a vocês, abram os olhos e olhem os campos! Eles estão maduros para a colheita. Até agora, o ceifeiro recebe  seu salário, até agora ele colhe o fruto para a vida eterna, para que o semeador e o ceifeiro possam ser felizes juntos. Assim é verdadeiro o ditado ‘Um semeia e outro colhe ‘. Eu vos enviei a colher o que vocês não plantaram. Outros fizeram o trabalho duro, e vocês tem colhido os benefícios de seu trabalho”.
Nestes versículos, Jesus desafiou seus discípulos. O escritor do Evangelho de João está desafiando seus leitores a considerar a plantação que está pronta para a colheita. É quase certo que os discípulos de Jesus pensavam que a colheita espiritual pertencia sozinha à comunidade Judaica. Jesus desafiou-os a olhar para fora, para a comunidade vizinha herética e contraditória para a colheita – um campo que não tinham considerado até este encontro. O significado do comentário de Jesus sobre o encontro não foi para destacar a importância da evangelização em geral, mas sim para chamar a atenção para os campos que antes não eram vistoss ou considerados  inadequados para a colheita.
Enquanto Jesus, sem dúvida, estava conversando com seus seguidores sobre a adequação de ensinar os caminhos de Deus  para os Samaritanos, ele ouviu ao longe as vozes da multidão aproximando-se dele. A testemunha fiel deste evangelho, descreve o fato  assim:
“Muitos dos Samaritanos daquela cidade creram nele, por causa do testemunho da mulher,” Ele me disse tudo o que eu já fiz. ” Assim, quando os Samaritanos foram a ele, pediram-lhe que ficasse com eles, e ele ficou dois dias. E por causa das suas palavras, muitos outros creram. Eles disseram à mulher: “Agora  não acreditamos apenas por causa do que você disse,  agora nós mesmos temos ouvido e sabemos que este é verdadeiramente o Salvador do mundo” (vs.39-42).
Para receber mais informações sobre o  aprendizado de Línguas Bíblicas na Universidade Hebraica de Jerusalém  /  programa bíblico on-line da Israel Institute of Biblical Studies a um custo acessível, por favor, clique aqui.
Hermenêutica honesta
A interpretação da Bíblia é tarefa difícil. É tão difícil como interpretar qualquer outra coisa na vida. Nós trazemos nosso passado, as nossas noções preconcebidas, nossa teologia já formadas, os nossos pontos cegos culturais, a nossa posição social, nosso sexo, nossos pontos de vista políticos e muitas outras influências para a interpretação da Bíblia. Em suma, tudo o que somos, de alguma forma determina a forma como nós interpretamos tudo. Isto não implica que o significado do texto é dependente de seu leitor. O significado permanece constante. Mas a leitura do texto difere e depende de todos os tipos de coisas que rodeiam o processo de interpretação. Em outras palavras o que um leitor ou ouvinte retira do texto pode diferir  muito de pessoa para pessoa.
Uma das maiores desvantagens na empreitada de interpretação da Bíblia tem sido a incapacidade de reconhecer e admitir que uma interpretação particular pode ter um ponto fraco. O ponto fraco é geralmente determinado por preferências pessoais e desejos sinceros de provar uma teoria particular, independentemente do custo. Nós, os autores, consideramos que ter a consciência de nossos próprios pontos cegos e estar honestamente dispostos a admitir problemas com nossas interpretações, quando existem, são mais importantes do que o brilhantismo intelectual com que defendemos nossa posição.
Uma oportunidade de exercer uma abordagem honesta é quando comentaristas reconhecem que há algo na sua interpretação, que não parece se encaixar com o texto e os comentaristas não sabem bem como explicar isso. O que sentimos pode ser legitimamente sugerido como um desafio para a nossa leitura da história da mulher Samaritana são as palavras que o autor do Evangelho coloca em seus lábios quando ela diz a seus concidadãos sobre seu encontro com Jesus. Ela diz: “Ele me disse tudo o que eu já fiz “O que teria correspondido perfeitamente a nossa interpretação  se suas palavras tivessem sido” Ele me disse tudo o que aconteceu comigo “ou melhor ainda” foi feito por mim”.
Existem várias opções viáveis para resolver este problema. Algumas das opções incluem questões de gramática e a existência hipotética de uma versão anterior em aramaico do Evangelho de João. Embora levando em conta estas possibilidades, os autores consideram que a melhor resposta é  se referir a um manuscrito do Evangelho de João, que tem a frase em uma versão mais curta. Neste manuscrito, as palavras da mulher não terminam com “Ele me disse tudo o que eu já fiz “, mas com “ele me disse tudo”. Estas palavras podem referir-se ou a qualquer circunstância auto imposta ou por outros e não por si só apresentar qualquer tipo de problema para a nossa leitura da história.
A próxima pergunta seria por que a leitura deste manuscrito deve ser preferida em relação ao comumente usado? Para explicar isso, vamos precisar introduzir uma importante ferramenta de estudos bíblicos que pode ser desconhecida para muitos leitores. No entanto, muitos de vocês têm encontragdo os resultados da aplicação desta ferramenta muitas vezes por pessoas que trabalham com novas traduções da Bíblia. Por exemplo, muitas Bíblias modernas colocam entre parênteses o texto de João 8:1-11 e mencionam que os manuscritos mais antigos e os mais confiáveis não contêm a amada história da mulher apanhada em adultério que foi trazida a Jesus (Marcos 16: 9-20 é tratado da mesma forma). Esta história pode ser verdade e pode ter sido transmitida oralmente antes de ser incorporada ao texto de João, mas deve-se reconhecer que, mesmo se essa história for verdadeira, ela deve ter sido inserida só mais tarde por um copista. A ferramenta interpretativa que foi usada aqui é chamada de crítica textual. A nomenclatura é enganosa, uma vez que o texto não está sendo criticado, mas analisado e comparado com outros manuscritos. Em outras palavras crítica textual refere-se a uma análise cuidadosa de um texto, em comparação com outros textos, com o objetivo expresso de determinar os mais antigos e precisos manuscritos.
A crítica textual considera vários manuscritos antigos, uma vez que não temos um único original de qualquer livro bíblico, a fim de determinar o texto que seria o mais próximo possível do original. A crítica textual usa todos os manuscritos descobertos, recentes e antigos. Embora para alguns cristãos, propor a relevância de tal método poderia implicar em incredulidade, estamos convencidos de que, quando utilizado de forma responsável este método pode ser uma ferramenta importante nas mãos de intérpretes de textos antigos que sejam honestos, capazes e, principalmente, crentes. Como pode este método científico ajudar?
Um exemplo é o princípio geral que a crítica textual usa para determinar qual manuscrito é mais antigo, um princípio que poderia ser chamado de “prioridade do manuscrito mais curto.” Um manuscrito mais curto é preferido, porque os antigos escribas eram mais propensos a expandir o texto que eles estavam copiando do que a torná-lo mais curto. A expansão do texto era feita com alguma liberdade no mundo antigo, em contraste com o desconforto geral com tal prática dos leitores modernos, um desconforto compartilhado pelos autores deste livro.
Ainda, é claro, era possível que o texto mais longo (no nosso caso, “Ele me disse tudo quanto tenho feito”) fosse o original. Mas o método da crítica textual afirma que, em geral, o oposto é o caso. O texto mais curto é mais provável que tenha sido o original (no nosso caso “Ele me disse tudo”) e só mais tarde teria sido expandido por um escriba que considerou que o texto poderia ser melhorado e seu significado esclarecido se ele acrescentasse no final “eu já fiz”. Se estivermos corretos em nossa compreensão e o contexto da história argumenta a nosso favor, então seria justo dizer que o escriba cristão em seu desejo de ajudar o leitor melhorando o fluxo da narrativa, na verdade, acabou enviando o leitor para um sentido interpretativo diferente.
Conclusão
Nos tribunais democráticos seguimos o princípio “inocente até prova em contráro.” Em certo sentido, estamos declarando aqui para o tribunal de nossos leitores que acreditamos que temos apresentado provas suficientes para mostrar “a presença de uma dúvida razoável.” Estamos argumentando que as acusações de “imoralidade e não buscar a verdade espiritual” contra a mulher Samaritana devem ser descartadas. Os motivos são a falta de provas e a presença de outros cenários prováveis que poderiam explicar a interação entre ela e Jesus de uma forma mais satisfatória. Argumentamos que esta história deve servir como um exemplo e uma chamada para reconsiderar a mensagem das Sagradas Escrituras em seus contextos históricos e com maior disposição para pensar fora das tradições aceitas que podem, em última análise, não ter nada que as apoie adequadamente. No início do capítulo dissemos que não estamos apresentando um caso hermético. Nós, contudo, sugerimos uma alternativa possível para a interpretação usual. Acreditamos que a nossa alternativa é aquela mais responsável. Nossas reivindicações são, portanto, modestas, mas permanecem desafiadoras. Foi Mark Twain que disse: “A lealdade a uma opinião petrificada  nunca quebrou uma corrente ou livrou uma alma humana.”
-------------------------------------------------------------------------
[1] É um erro pensar que a principal razão para a antipatia Judaica em relação aos Samaritanos era racial. O Judaísmo sempre teve uma forte tradição de conversões dos Gentios, onde os Gentios convertidos se tornaram Judeus de pleno direito e eram aceitos pela comunidade. Um exemplo notável de tal atitude é o rabino Akiva que não era etnicamente Judeu (nem ele nem seus pais passaram por uma conversão formal ao Judaísmo). Não é o DNA não Judeu que foi responsável pela antipatia Judaica. A relação conflituosa foi em grande parte de natureza religiosa. O componente político de rivalidade também não deve ser negligenciado quando se considera as razões para o relacionamento negativo entre Samaritanos e Judeus. Por exemplo, quando Alexandre o Grande passou pela região, foi relatado que ele  pagou tributo ao Deus de Israel, no Templo do Monte Gerizim e não no Monte Sião.
https://blog.israelbiblicalstudies.com/pt-br/jewish-studies/revisando-historia-da-mulher-samaritana-joao-4/