quarta-feira, 21 de outubro de 2020

Em busca de valores cristãos perdidos

[...] Ou qual a mulher que, tendo dez dracmas, se perder uma dracma, não acende a candeia, e varre a casa, e busca com diligência até a achar? E achando-a, convoca as amigas e vizinhas, dizendo: Alegrai-vos comigo, porque já achei a dracma perdida. Assim vos digo que há alegria diante dos anjos de Deus por um pecador que se arrepende. (Lucas 15:8-10)

O capítulo 15 do evangelho de Lucas está distribuído em três parábolas, cuja mensagem é uma só: algo ou alguém que se perdeu. São histórias familiares para os cristãos leitores da Bíblia.  Cada uma com uma mensagem sobre resgate, arrependimento, mudança de atitude, ajuda e socorro diversos. Essas três histórias foram proferidas em resposta aos fariseus que murmuravam entre si pelo fato de Jesus está entre publicanos e pecadores ensinando-lhes, dando-lhes atenção e mesmo comendo junto a eles. 

O primeiro grupo era composto de cobradores de impostos,  judeus que trabalhavam para Roma. Portanto, eram considerados traidores, já que cobravam de seu próprio povo para dar aos seus opressores. Os judeus eram cativos do Império Romano. O segundo grupo era composto por pessoas que não seguiam, a rigor, as leis de Moisés, além dos desviados ou combalidos como: beberrões, prostitutas, ladrões, mendigos, escravos, doentes, deficientes, etc.

Nessa mensagem, vamos falar sobre a segunda parábola: A dracma perdida. A dracma era uma moeda de prata grega equivalente ao denário romano e valia um dia de serviço no campo. Havia um costume entre as famílias em dar às mulheres um colar ou outro atavio com essas moedas, geralmente representando o dote pago pelo marido por ela.

    Além de formalizar o compromisso dela com o noivo ou marido, era também  uma  forma de segurança.  Caso ocorresse um infortúnio;  ela, vendo-se sozinha e sem amparo, poderia utilizar os valores para recomeçar a vida ou buscar parentes. 

    Nessa história, Jesus cria uma situação: a probabilidade de a mulher perder uma das moedas e como ela reagiria e agiria em torno da situação. Sendo uma moeda que representava tantas coisas, além do valor monetário em si, a mulher: acende a candeia, varre a casa e busca com diligência até a achar. 

    As casas da época, e levando em consideração as condições financeiras das pessoas, provavelmente era sem muita iluminação, de chão batido ou chão de areia. É fato que ela estava atenta à sua peça de valor e o que ela representava em sua vida. Sendo assim, precisava encontrar o que havia perdido. E o tema dessa mensagem é “buscando valores cristãos perdidos”. Valores, no sentido espiritual e cultural, têm muito a ver com as crenças e  educação recebidas pelas pessoas. Nosso caráter é moldado pelos ensinamentos e influências interiores e exteriores, sejam espirituais ou carnais. [...] “Por isso, onde estiverem os vossos bens mais preciosos, certamente aí também estará o vosso coração.” (Lucas 12:34)

    À medida que nos afastamos de Deus, nos aproximamos de outras fontes que possam preencher o vazio deixado por Ele. O homem foi criado especialmente para ser “amigo” do Senhor e também ter comunhão com Ele. No Éden,  o Criador fazia questão de ir até Adão conversar com ele. Não era uma visita de revista ou controle, mas de conhecimento entre ambos. Por ser o Criador, por ser o Supremo, o Grande e Absoluto, Deus conhece o que é melhor ou não para nós, já que somos  criaturas suas; e depois, feitos filhos seus. Por essa razão, O Senhor nunca nos deixou sem leis, sem regulamentos, sem ensinamentos. Ainda que Ele tivesse ficado em silêncio desde a queda do homem no jardim, suas obras magníficas falariam por si mesmas. O aposto Paulo escreveu aos romanos: “Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade, se entendem, e claramente se veem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis; Porquanto, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças, antes em seus discursos se desvaneceram, e o seu coração insensato se obscureceu. Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos. E mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, e de aves, e de quadrúpedes, e de répteis.” (Rom. 1. 20-23)

    Além dessa exuberância de coisas criadas; temos, em nós, a essência de Deus. Ele fez questão de nos fazer conforme “a sua imagem e semelhança.” Gn. 1.27. Sendo assim, o que sabemos ou nos movemos a fazer de bom é porque ainda temos esse tesouro dentro de nós. A essência do Deus único, cuja Glória os homens tentaram e tentam dá-La às suas invenções. 

    Quem tem um encontro verdadeiro com Cristo percebe o quanto a experiência é única e confortadora. Na primeira carta de Paulo aos coríntios, ele nos adverte sobre o que somos e de quem somos ao tomarmos a decisão de sermos cristãos: “Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós? Se alguém destruir o templo de Deus, Deus o destruirá; porque o templo de Deus, que sois vós, é santo. Ninguém se engane a si mesmo. Se alguém dentre vós se tem por sábio neste mundo, faça-se louco para ser sábio. Porque a sabedoria deste mundo é loucura diante de Deus; pois está escrito: ‘Ele apanha os sábios na sua própria astúcia.’ E outra vez: ‘O Senhor conhece os pensamentos dos sábios, que são vãos.’”(I cor.3.16-20) 

Como propriedade particular de Deus, é-nos dada a incumbência de vivermos em santidade, ou seja, em separação de tudo aquilo que é contrário ao Caminho do Senhor. Por isso, nos dias atuais, com o crescimento do pecado, da abundância de “intelectuais e pensadores” e  meios lícitos de propagação da impiedade,  o cristão vê-se diante de uma gama de oportunidades que podem levá-lo para distante de seu Senhor e “sujar’ o templo, que deve ser “limpo e arrumado” de conformidade com o desejo do seu Dono. Jesus afirmou: “Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus.” (Mateus 7:21) 

Como conhecer e reconhecer a vontade de Deus? 

    Ainda bem que, desde a tradução da Bíblia e a vantagem de ela ser reproduzida por diversos meios gráficos; podemos, através de uma comunhão sincera com o Espírito Santo, saber o que Deus quer de nós, na condição de seus filhos. “Os meus olhos estarão sobre os fiéis da terra, para que se assentem comigo; o que anda num caminho reto, esse me servirá.”( Salmos 101:6). Quem pode entender isso? Quem está preocupado verdadeiramente com isso? Há tantos mestres nos ensinando! Cada um tem uma receita ou opinião, e até mesmo usa passagens bíblicas para justificá-las. Não podemos deixar a responsabilidade de nossa conduta nas mãos de ninguém, “porque cada um dará conta de si mesmo diante de Deus.” (Rom. 14:12)

    Portanto, aprendamos com a parábola da dracma perdida e façamos como aquela mulher: acendendo a candeia que é a Palavra de Deus ( pois é ela que deve ser o seu parâmetro de vida), varrendo com dedicação  a nossa casa interior em busca daquilo que nos mantém em comunhão e jogando fora o que não nos edifica, para isso amplie  a presença e o mover do Espírito Santo em sua vida diariamente,  e busque, com diligência, os valores cristãos ensinados pelos pais da igreja até a achar. Buscar com diligência é fazer com esmero, com cuidado, com detalhe e foco. Não acredite nas fábulas que estão tentando nos passar. Só há uma forma de ver o Senhor e participar com Ele das Bodas do Cordeiro: é a santidade! (Hebreus 12:14).  

Há mais de dois mil anos que a humanidade recebeu as Boas Novas de salvação através de Jesus e, desde a sua subida, que as bases do verdadeiro evangelho vêm sendo sacudidas por aqueles que desejam modificá-las ou torná-las mais atraentes para conseguir seguidores. Mas o alerta  deixado por Jesus foi que a porta era estreita e o caminho apertado. (Mateus 7:13,14) E que nós deveríamos nos esforçar por passar por ela. 

Há mais de dois mil anos que somos chacoalhados por inúmeras culturas e costumes, por pontos de vista e modelos basilares para nossas vidas, daí vem a pergunta: _ Quem tem razão? Por que tantas divergências em doutrinas e ensinamentos? Quem está enganado ou está enganando? Vejam a doutrina nas epístolas e nos ensinamentos nos evangelhos, não há como deturpar, se quisermos realmente andar na Verdade. Reveja e estude ponto por ponto sobre as obras da carne enumeradas pelo apóstolo Paulo na epístola aos Gálatas, capítulo 5. Peça a Deus discernimento sobre o andar no Espírito para, só assim, não cumprir com os desejos da carne.  

Repense: quem está por trás dos costumes, da cultura, dos modelos de vida que estão nos oferecendo dia a dia na mídia, na internet, nos filmes, até mesmo nos grupos de estudo bíblico? É possível reconhecer um cristão numa praia? Em um shopping? No trabalho? ou qualquer ambiente fora da igreja? Como nos relacionamos com nosso cônjuge, amigos, parentes? Como cuidamos de nossa aparência interna e externa? Parece que nosso corpo não é morada do Espírito Santo, porque o estamos mostrando como objeto de desejo e concupiscência. Expomos nossa privacidade nas mídias sociais e fazemos desabafos por lá. Descrevemos  escândalos, mas não oramos por aqueles que caíram. Quantos cristãos não estão comemorando morte de bandidos e desafetos seus escancaradamente? Podemos ter prazer na desgraça de quem quer que seja? Olhe para sua maneira de viver, pensar, vestir,  andar, ganhar seu pão de cada dia e pergunte a Deus, com sinceridade e insistência, se com esse comportamento você está Lhe agradando. “Portai-vos de modo que não deis escândalo nem aos judeus, nem aos gregos, nem à igreja de Deus”. (1cor. 10:32). 

Acendamos a luz, varramos a casa, busquemos com diligência até acharmos o que temos perdido ao longo das nossas vidas e nos tem feito vivermos sem a plenitude do Espírito! “ Mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver;(1 Pedro 1:15). 


Sue Paulino


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