(Eis que os filhos são herança do Senhor, e o fruto do ventre o seu galardão. Salmos 127. 3)
Faz algum tempo que li uma história bastante comovente e com aspecto de veracidade. Não sei se era uma parábola ou uma narrativa verídica. Mas me marcou muito. Deus tem seus planos e, da mesma maneira que fui impactada pela mensagem, acredito que outros foram e serão. Vou tentar contar o que lembro. Perdoem-me se deixar escapar algum detalhe.
Certo pastor precisou se afastar de sua casa durante um tempo, por causa da obra que realizaria para Deus. Ele partiu em uma viagem missionária, com data certa para retorno. Era conhecido em sua cidade, tinha esposa e dois filhos aparentemente tementes a Deus. Não era fácil, na época, a comunicação por mensagem de qualquer maneira. Por isso, ficou sem saber de uma tragédia que acometeu sua família. Um acidente levou seus dois filhos de uma vez só. A esposa passou por toda a situação sem poder contar com o consolo de seu amado marido.
Entretanto, passados alguns dias, e ela vendo que se aproximava a chegada dele, passou-lhe a pesar no coração a reação que poderia ter seu esposo, ao saber da morte súbita de seus filhos. Então ela orou a Deus, pedindo-lhe sabedoria para dar-lhe aquela notícia triste. E o Senhor a ouviu e instruiu seu coração.
Chegando seu esposo no dia marcado, logo percebeu as marcas de sofrimento no olhar e rosto da esposa e quis saber o que a atribulava. Não perguntou de imediato pelos filhos. A mulher, então, lhe respondeu. “ Enquanto você estava distante, fiquei por guardiã de duas joias preciosas. Um amigo me confiou. Me apeguei demais a elas; mas, há alguns dias, ele me pediu as joias de volta e eu não quis entregá-las. Por isso essa angústia em meu coração.” O pastor, homem íntegro e sincero, não achou correta a atitude da esposa e tentou convencê-la da situação errônea em que se metera. E lhe disse “ Minha querida, as joias não são suas. Você recebeu algo para cuidar, porque certamente essa pessoa viu em você as qualidades necessárias para assim o fazer. Não podemos ficar com o que não é nosso.” E pediu que ela fosse buscar as joias para que ele junto com ela fosse entregá-las. A esposa começou a chorar e disse ao seu marido: “ As joias a que me refiro são nossos filhos! O Senhor os tomou para si!”.
O pai dos jovens ficou atônito, sua reação foi de choro. Abraçou a esposa e chorou amargamente! Mas orou a Deus e disse-lhe: “Obrigado por confiar a nós aqueles dois tesouros. Sei que pertencem a ti e nós apenas estávamos tomando conta. Espero ter cumprido bem a missão.”
Ufa! Que história não é mesmo? Ela nos faz lembrar do versículo que está em Jó 1.21,22:E disse: “Nu saí do ventre de minha mãe e nu tornarei para lá; o Senhor o deu, e o Senhor o tomou: bendito seja o nome do Senhor. Em tudo isto Jó não pecou, nem atribuiu a Deus falta alguma.”
Como está escrito em salmos 127:3, nossos filhos são herança do Senhor! Eles foram dados a nós para cumprirmos a missão de pais. E Deus ainda nos instruiu como devemos conduzi-los nessa jornada chamada vida. A questão é que nos apossamos de nossos filhos como se fossem nossa propriedade e queremos, muitas vezes, que eles sejam os melhores em tudo. Somos capazes de brigar por eles, mover céus e terra para que vivam bem. Sacrificamos o que for necessário para o vê-los felizes. Já outros pais agem opostamente; renegam seus filhos, deixam que passem necessidade, tratam-nos como se fossem seus objetos, exigindo isso ou aquilo. Algumas mães tentam assassiná-los no ventre, outras o exibem como troféu. Lembram da história de Ana e Penina, a primeira foi a mãe do profeta Samuel? Penina humilhava Ana por esta não ter o que ela tinha, no caso, filhos e filhas.
A Bíblia registra assim o episódio: “ E a sua rival excessivamente a provocava, para a irritar; porque o Senhor lhe tinha cerrado a madre. E assim fazia ele de ano em ano. Sempre que Ana subia à casa do Senhor, a outra a irritava; por isso chorava, e não comia.1 Sam. 1:6,7.
Ano após ano Ana era humilhada pela sua rival. Um mal exemplo que não podemos seguir. A Bíblia diz que era excessivamente. Penina extrapolava no desdém. Até o dia em que Deus resolveu mudar aquela situação. Ana, quando recebeu a benção, entendeu que o que recebera não lhe pertencia, e dedicou seu filho a Deus, devolvendo-o, ou seja, ela o levou para servir a Deus no tabernáculo, o lugar onde estava a arca do Senhor! A arca da Aliança.
Confira 1Sam.1:22,23.“Quando o menino for desmamado, então o levarei, para que apareça perante o Senhor, e lá fique para sempre. E Elcana, seu marido, lhe disse: Faze o que bem te parecer aos teus olhos; fica até que o desmames; então somente confirme o Senhor a sua palavra. Assim ficou a mulher, e deu leite a seu filho, até que o desmamou.”
Que decisão difícil! Samuel foi criado em um ambiente austero e cheio de maus exemplos, porque o sumo sacerdote da época, chamado Eli, tinha dois filhos, Ofni e Finéas, homens de belial, levianos e desobedientes às leis do Senhor. Mas Samuel cresceu em obediência a Deus e se tornou um dos maiores profetas e sumo sacerdote de Israel. Tanto é que há dois livros na Bíblia com seu nome, sua história e trajetória.
Entretanto, a família que Samuel teve também não parecia ser obediente a Deus. Seus filhos , ao que parece, foram corrompidos pelo sistema. Veja a passagem bíblica que se encontra em 1Sam. 8:1-5. “E sucedeu que, tendo Samuel envelhecido, constituiu a seus filhos por juízes sobre Israel. E o nome do seu filho primogênito era Joel, e o nome do seu segundo, Abia; e foram juízes em Berseba. Porém seus filhos não andaram pelos caminhos dele, antes se inclinaram à avareza, e aceitaram suborno, e perverteram o direito. Então todos os anciãos de Israel se congregaram, e vieram a Samuel, a Ramá, e disseram-lhe: Eis que já estás velho, e teus filhos não andam pelos teus caminhos; constitui-nos, pois, agora um rei sobre nós, para que ele nos julgue, como o têm todas as nações.”
Às vezes, ouço pregações nas quais os pais são acusados de negligência pela queda espiritual dos filhos, ou são louvados pelo sucesso espiritual deles. Acredito que muitos pais se esforçam por vê-los servindo a Deus, castigando-os, fustigando-os para estarem na casa do Senhor. Outros tentam esconder os deslizes dos filhos, protegendo-os nas coisas erradas, “fazendo vistas grossas” diante das atitudes deveras reprováveis. Parece que não há uma receita pronta que possamos aplicá-la para que eles enveredem pelos caminhos do Senhor e não sejam apenas frequentadores de igreja, e sim, verdadeiros adoradores.
Gostaria muito de deixar uma receita aqui para todos que estiverem lendo essa palavra, porém não a tenho. A Bíblia está repleta de exemplos de pais obedientes e filhos desobedientes, ou filhos obedientes e pais desobedientes. Ou irmãos diferentes que seguiram caminhos diversos, uns servindo a Deus outros inclinando-se aos ídolos e ao sistema mundial da época. Saul e Jonatas, Davi e seus filhos, Samuel e seus filhos, Eli e seus filhos, Jesus e seus irmãos, só para citar alguns exemplos.
O que posso dizer a você? Não desista de seus filhos! Você não gerou filhos para o inferno. Creia, creia, creia. Insista, insista, insista em instruí-los. Ore, ore, ore e nunca desfaleça. Eles pertencem a Deus e o Senhor pode se revelar a cada um segundo o endereço de cada coração. Isso mesmo! O coração das pessoas tem um endereço que só o Espírito Santo conhece. Mas nunca se esqueça de que você, depois de Jesus, é o maior exemplo para seus filhos. Investigue-se se seu prazer na salvação deles é zelo e amor pela alma de cada um ou uma satisfação que deseja dar à sociedade eclesiástica. Seja sincera ou sincero consigo mesmo(a) e peça sabedoria ao Senhor para orar por eles.
Sue Paulino
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